Meu artigo semanal publicado na edição de hoje (22/7/2010) do O POVO:
Mulheres de direita
Plínio Bortolotti
Rejeito a tese de que mulher somente por ser mulher tem mais “sensibilidade” do que o homem para governar, exercer cargo público ou de mando. A política, o exercício do poder – para o bem e para o mal – iguala a todos.
Em passagem do livro do livro México Rebelde, de John Reed, que acompanhou Pancho Villa para cobrir a revolta mexicana (1910-1917), o jornalista observa a ausência das mulheres em decisões importantes, apesar do número expressivo delas no grupo rebelde. Reed questiona Villa; o revolucionário lhe responde que as mulheres amoleceriam frente a uma decisão capital.
Segundo Reed, Villa costumava refletir sobre o que lhe diziam – e manda chamar sua cozinheira. Pergunta-lhe o que faria com um traidor, ela sorri timidamente: “Isso é com o senhor”. Villa insiste dizendo que ela teria de resolver. A resposta: “Eu mandaria fuzilar”. (Cito de memória, li o livro há mais de 30 anos e a passagem nunca me saiu da cabeça.)
Não foi Margareth Thatcher (primeira-ministra britânica, 1979-1990) “insensível” aos movimentos sociais? Não fez sentir sua mão de ferro sobre os trabalhadores mineiros?
Seria Marina Silva mais “sensível” do que foi o seu companheiro de luta ecológica, Chico Mendes? Seria Lula mais “insensível” do que Dilma Roussef?
Lembrei-me do assunto ao ler texto no jornal Valor Econômico sobre a ascensão de Miriam Lacerda, deputada estadual do conservador DEM, e candidata a vice-governadora de Pernambuco na chapa de Jarbas Vasconcelos (PMDB). Sob a liderança dela, Lula foi derrotado por Serra nas eleições de 2002, em Caruaru, terra do presidente – e ela promete repetir o feito este ano.
Outra líder de direita, defensora do agronegócio – a quem, na visão dos movimentos coletivistas falta “sensibilidade social” – é a senadora Kátia Abreu (DEM).
Em uma quadra em que poucos têm coragem de enfrentar Lula diretamente, assumiriam as mulheres de direita esse papel?
Plínio,
Concordo com o seu artigo de hoje. Sexo e cor de uma pessoa não determinam a sua posição política.
Artigo muito bom.
Algumas pessoas querem se promover por razões errôneas e ilusórias… Não é o sexo que define esse mundo aqui.. As coisas são bem mais profundas e sérias do que uma guerra estúpida entre os sexos. Adorei esse texto. Parabéns