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Meu artigo semanal, publicado na edição de hoje do O POVO:

Secretários da Segurança: o novo e o velho
Plínio Bortolotti

Quem tinha dúvidas sobre a precariedade dos serviços de segurança pública, pode tê-las abatido com a entrevista do ex-secretário Roberto Monteiro ao O POVO (edição de 3/1).

Monteiro assume suas falhas e faz duras críticas ao aparelho de segurança. Tem-se a impressão que ele foi derrotado por forças as quais ele não teve apoio suficiente para confrontá-las. Referiu-se claramente a um “grupo” criminoso de policiais, observando: “Se quiser debelar, debela(-se)”.

O ex-secretário conta o episódio em que ficou sabendo do plano para seqüestrar alguém da família de um empresário, mas afirmou não ter acionado um delegado por não confiar nele. Disse que a Corregedoria não funciona; queixou-se da falta de apoio da OAB, da Defensoria e do Ministério Público, quando contrariou delegados (e programas “policiais” de TV) ao proibir a exposição de presos (determinação que ele disse que vai virar “folclore” – e parece ter acertado, em vista das declarações do novo titular da pasta).

Ao fim da entrevista fica-se com a sensação de que – por um motivo ou por outro – o governador Cid Gomes absteve-se do enfrentamento com esse “grupo” criminoso, que parece dominar as polícias.

Quero estar enganado, mas as declarações do atual secretário da Segurança, coronel (PM) Francisco Bezerra (edição de 4/1), parecem pouco alvissareiras – inclusive ao defender-se do epíteto de “pé-de-boi”: “Durmo tarde e acordo cedo”. E daí? O mais interessante foi a promessa de “reformular” o Ronda do Quarteirão retomando-a como uma polícia comunitária, papel que se deteriorou com rapidez impressionante.

Triste foi a declaração sobre a exposição de presos: “Tenho coisas mais sérias para me preocupar”, dizendo que o assunto poderia ser resolvido pelas chefias das polícias – uma espécie de liberou geral.

Francisco Bezerra agora é secretário do Estado – e ele deve saber que tudo o que acontecer em sua pasta será de sua responsabilidade, inclusive cumprir e fazer com que seus subordinados cumpram a lei.