Meu artigo publicado na edição de hoje (14/4/2011) do O POVO.

Arte de Hélio Rôla (clique para ampliar)

Vacina contra a dengue pede urgência
Plínio Bortolotti

Creio que todos acompanham o noticiário mostrando o grande número de vítimas, incluindo mortes, que a dengue vem fazendo em todo o país. Autoridades fazem apelos desesperados para que a população ajude a combater os focos do mosquito transmissor. Portanto, era de se esperar que essas mesmas autoridades dessem mais importância a uma medida que pode pôr termo à doença.

Desde 2006, a bioquímica Isabel Guedes, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), desenvolve uma vacina tetravalente (que imunizaria contra os quatro tipos da doença) contra a dengue. A pesquisa é pioneira – pois a vacina é produzida à base de planta (utilizando-se o velho feijão de corda) – e já foi testada, com sucesso, em animais. A etapa mais complicada, diz ela, é o teste em humanos, ainda por ser feito

Segundo a pesquisadora, seu trabalho sofre com problemas estruturais – como a falta de um laboratório mais adequado – cuja obra depende do governo do Estado, por meio do DER (Departamento de Edificações e Rodovias), onde o projeto está há dois anos. Para Isabel, as instalações precárias dificultam e atrasam a sua pesquisa.

Para o professor Vladimir Spinelli, chefe de gabinete da Reitoria da Uece, o desenvolvimento da vacina e a construção de um novo laboratório são coisas distintas. Ele diz que o projeto da vacina é “belíssimo” e que “se der certo como imaginamos que dê, será fenomenal”, mas que a continuidade da pesquisa independe de novo laboratório, pois todas as providências necessárias estão em andamento.

Expostos de modo sucinto os argumentos, creio que o mínimo que as autoridades deveriam fazer seria analisar o caso com mais cuidado – e dar as explicações devidas ao público. É inaceitável que persista tal dúvida, estando em risco a vida de centenas de pessoas. Se existe perspectiva de cura, o que for preciso nela precisa ser investido – com a máxima urgência.

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