Meu artigo publicado na edição de hoje (30/6/2011) do O POVO.
Salve o interior
Plínio Bortolotti
Independentemente de quantas cidades estejam envolvidas nos malfeitos do empreiteiro (nas páginas policiais ele receberia outra qualificação) Raimundo Morais Filho – que criou uma rede de “empresas” para fraudar licitações – tendo como, digamos, “sócios” alguns prefeitos do interior – o caso é grave, porém não surpreendente.
Sendo corruptos ou não, parte dos prefeitos do interior – para começar – preferem morar em Fortaleza e costumam visitar suas cidades em reluzentes cabines-duplas; outros lidam com a administração como se cuidassem de uma bodega; há os que, ao defrontarem com a burocracia, própria do serviço público, livram-se dela contratando “escritórios” de contabilidade (leia-se lobistas), outra fonte de corrupção. Normalmente, essas cidades são “propriedade” de uma ou duas famílias, que vão transmitindo o “feudo” para filhos e parentes, como se fossem detentores de direito divino.
O repórter Demitri Túlio conta ter visto um prefeito, “administrando” a prefeitura em sua própria casa, sendo o “escritório” no quarto de dormir, tirando dinheiro do bolso, quando auxiliares vinham pedir verba para alguma despesa. Eu mesmo já vi prefeito, na sede do poder público, de bermuda, camisa aberta no peito, e calçando chinela japonesa, em pleno horário comercial.
Esse tipo de costume nos diz o seguinte: a democracia (ainda imperfeita) que existe nas grandes cidades e capitais, onde há mais vigilância, não chegou à maioria das cidades de nossa “interland”, para ficar com uma palavra mais de acordo com os tempos pré-históricos desses hábitos.
Obviamente isso não é um libelo generalizante contra as cidades do interior; nelas há bons exemplos de administração, do mesmo modo que algumas grandes cidades têm alguns dos defeitos citados. Trata-se de demonstrar a injustiça que é ver tanta riqueza, tanta potencialidade e tanta criatividade, submetidas ao jugo de administradores mal preparados, desidiosos e, por vezes, simplesmente corruptos.
Senhor Jornalista:
Nesta última quinta-feira, 30 de junho de 2011, determinado telejornal da cidade veiculou matéria acerca da carência de Defensores Públicos no Ceará. (PRESENÇA DE DEFENSOR EM APENAS 61 MUNICÍPIOS).
Em síntese, a matéria informou que apesar do salário pago a um Defensor Estadual em início de carreira no Ceará ser de quase 13 mil reais, ainda há 130 vagas abertas na instituição e que isso acontece porque os aprovados em concurso público abrem mão da carreira.
Peço permissão para trazer-lhe alguns dados informativos.
Sou um dos candidatos aprovados no concurso para Defensor Público-CE em 2008.
Fui convocado pela Defensoria Pública em 19 de abril deste 2011 e considerado apto na perícia médica realizada pelo ISSEC, tendo apresentado todas as certidões e demais documentos exigidos no edital, tendo havido parecer favorável da SEPLAG.
Comigo, foram igualmente convocados outros 6 aprovados, igualmente prontos para o exercício da função.
Além de nós 7, outros 2 anteriormente convocados, aguardam nomeação desde fevereiro de 2011, sendo que outros 21 ainda aguardam convocação no cadastro de reserva do concurso.
Portanto somos 9 dependendo tão somente da assinatura do Excelentíssimo Governador do Estado do Ceará, para tomarmos posse.
Vale ressaltar que o Governador CID GOMES merece aplausos por ter colocado a Defensoria em movimento, após anos de marasmo e apatia impostos pelos antecessores.
Entretanto, o tempo não pára, e a marcha deve prosseguir, pois o serviço da Defensoria é essencial em todos os municípios.
Solicito divulgação desta nota em seu BLOG
Obrigado.