“Ponto de Vista” publicado na editoria Política, edição de 13/4/2015, do O POVO, a respeito das manifestações contra o governo Dilma Rousseff ocorridas no dia anterior.

Hélio Rôla

Arte: Hélio Rôla

A marcha
Plínio Bortolotti

Militantes da esquerda estão comemorando, nas redes sociais, o fato de a manifestação de ontem ter reunido público menor do que a ocorrida em março. Desculpem, mas louvar tal fato seria o mesmo que se festejasse caso a derrota para o Brasil frente à Alemanha não fora de sete a um, e sim de cinco a um.

De qualquer modo, o líder do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri, anunciou que não mais convocará atos na capital paulista, pois pretende levar os protestos até o Congresso Nacional. Para isso organizará uma caminhada de São Paulo até Brasília.

Se ele conseguir o feito, além de perder o monopólio das ruas (como escrevi em meu blog no dia da manifestação de março), a esquerda perderá também o monopólio das estradas, pois as “marchas” são tática característica do trabalhadores rurais do MST.

Porém, um aviso aos neomanifestantes: marcha de longo tiro não é um passeio pela avenida Paulista, na qual se pode recorrer ao Starbucks; ou na Praça Portugal, em Fortaleza, onde se pode entrar distraidamente na Delitália e, devido à euforia, sair esquecendo-se de pagar a conta.