Reprodução da coluna “Política”*, edição de 23/11/2016 do O POVO.
Ataques ao O POVO como tática diversionista
Francisco de Assis Diniz, presidente PT-Ceará, acaba de entrar no clube dos que culpam O POVO pelas mazelas de seus próprios partidos. Fará companhia àqueles que têm o hábito de constranger repórteres e procurar responsáveis por problemas que eles mesmos criam. É o mesmo caso do deputado estadual Capitão Wagner (PR), que culpou O POVO pela sua derrota na disputa prefeitura de Fortaleza. As provas o contradizem, mas ele tem uma baita convicção.
DESCONFORTO
O desconforto, digamos assim, de De Assis surgiu quando a repórter Letícia Lopes perguntou-lhe sobre a possível saída de alguns nomes do partido, assunto que tratei nesta coluna (15/11), a partir de matéria do repórter Carlos Mazza (12/11). Os filiados que estariam analisando possível saída do PT: Artur Bruno (secretário estadual do Meio Ambiente), José Airton Cirilo (deputado federal), Camilo Santana (governador do Estado) e Manoel Santana (deputado estadual).
CUIDADO COM O PARTIDO
Ao ser questionado sobre o assunto, De Assis afirmou: “Quem falou (da saída) foram vocês, quem dá essas capas é o jornal O POVO. Aliás, o jornal O POVO está se especializando em criar matéria para fazer desgaste ao Partido dos Trabalhadores. O jornal O POVO deveria ter um grau de seriedade nas suas matérias, deveria ter cuidado com um partido que fez história e faz história nesse país, e não simplesmente, ficar o tempo todo criando debate interno, esse debate é interno do Partido dos Trabalhadores”.
DISCORDANTES
1) Não foi este jornal que “falou” da saída de militantes do PT; o jornal relatou e analisou o assunto, a partir de declarações de suas fontes. Esse debate não ocorre apenas no Ceará. Militantes descontentes consideram até a possibilidade de criar um novo partido, como é o caso do ex-ministro Tarso Genro, que faz críticas à linha majoritária da sigla pelo menos desde o chamado “mensalão”, quando propôs a “refundação” do PT.
DESGASTE
2) Sobre a acusação de o jornal estar interessado em “desgastar” o partido, De Assis precisa entrar na fila: o Capitão Wagner (PR) – de quem o PT é ferrenho adversário(?) -, fez acusação semelhante durante a campanha eleitoral. Porém, em sua propaganda, Wagner usava matérias deste jornal para fazer acusações contra seu adversário Roberto Cláudio (PDT), cuja assessoria também queixava-se do jornal.
SERIEDADE
3) Sobre a advertência para que este periódico tenha “seriedade”, etc., essa já é uma marca do O POVO e de seus jornalistas. De qualquer modo, não custa retribuir, desejando o mesmo ao partido que De Assis dirige no Ceará. Entretanto, o dever de “cuidar” do PT é de seus militantes, especialmente seus dirigentes, se eles deixaram o negócio desandar, que culpa tem o jornal? E, convenhamos, alguns desses dirigentes – independentemente de certo ânimo da Lava jato contra o PT – têm muita coisa a explicar.
ASSUNTOS INTERNOS
4) Quanto a querer limitar a discussão dos problemas do PT a um “debate interno”, De Assis pode exigir isso do seu partido, não dos jornais e nem da sociedade. Portanto, a transparência e a democracia mandam lembranças.
QUEM É?
5) Especificamente sobre a possível saída de Artur Bruno, De Assis afirma que até hoje não houve pedido formal, e o que ele vê é apenas “firula” e “página de jornal para fazer sensacionalismo”. E completou: “Agora, me estranham os argumentos de que vai sair do PT por uma crise ética. Olha, quem é Artur Bruno para falar em crise ética?”
(As declarações sobre O POVO foram colhidas pela repórter Letícia Lopes, quando ela cobria o encontro do PT com prefeitos e vereadores eleitos pelo partido no Ceará. A matéria sobre o assunto foi publicada na edição de ontem.)
*Em substituição ao titular, Érico Firmo, que está de férias.
Eu fico a me questionar sobre esse jogo de palavras que são utilizadas para defender ou contrariar determinado ponto de vista. No caso, quando um determinado meio jornalístico quer expor opiniões alheias de um ponto de vista negativo é comum afirmarem em sua defesa que está apenas fazendo uma ”critica” e se utilizando de sua liberdade constitucional de imprensa. De outro modo, quando alguém se utiliza de sua garantia constitucional de liberdade de expressão para questionar alguma notícia ou artigo de opinião, normalmente o meio jornalístico utiliza termos como ”’ataque”, ”’perseguição” ou ”’censura”. Mais por um lado eu compreendo, pois é típico de jornalistas utilizaram termos assim, mesmo que não retratem a realidade dos fatos, afinal é preciso uma manchete chamativa, instigante para chamar a atenção do leitor. Muita embora o conteúdo da matéria desminta e contradiga a manchete.
Alguns dirão que estou atacando ou censurando, eu prefiro dizer que estou apenas criticando a forma como alguns fazem jornalismo.
Ok, Renan,
Só que você mandou o texto para endereço errado.
Abraço,
Plínio
Se foi para o endereço errado, eu não sei, mas acredito que chegou ao seu destinatário.