Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião do O POVO, edição de 22/2/2018.

Temer manda um “salve” para os eleitores

Com a reforma da previdência descartada por falta de votos; 70% de rejeição popular e com escolas carnavalescas sambando em sua cara, o presidente Michel Temer agiu como um prestidigitador. Estava todo mundo olhando para a sua mão direita e ele fez a mágica com a sinistra: apresentou a intervenção federal no Rio de Janeiro como a bala de prata para o problema da segurança pública.

Mesmo ouvindo “Fora Temer” até em discurso de formatura, ele ainda acha que pode salvar o seu “legado”, candidatando-se a presidente da República. Com essa medida eleitoreira sonha lavar a pecha de golpista grudada em sua biografia.

Para isso serviu-se das Forças Armadas, forjando um ilusionismo chinfrim. Se a presença do Exército fosse a solução, o problema estaria resolvido, pois outras vezes soldados do Exército campearam pelas ruas cariocas.

Entre as autoridades, a única voz que soou com prudência foi a do próprio interventor, general Braga Netto, que soltou um “muita mídia”, quando perguntado sobre a situação do Rio de Janeiro.

Em termos de assassinatos por armas de fogo os índices do Rio e de São Paulo diferenciam-se pouco. Segundo o Mapa da Violência (média 2012/2014), no Rio são 14,8 por 100 mil habitantes; em São Paulo 10,2/100 mil; índice que pula para para 75,3/100 mil em Fortaleza.

Será que o general quis dizer que os meios de comunicação cobrem de forma diferente a violência do Rio e de São Paulo? É uma boa pergunta. Foi em São Paulo que surgiu e de onde opera a facção criminosa mais organizada do Brasil: o PCC – Primeiro Comando da Capital, também conhecido como “Partido do Crime”.

O principal problema do Rio foi a organização criminosa que tomou o estado de assalto, governado há 16 anos pelo MDB, partido do presidente da República. Sérgio Cabral, antecessor de Pezão – agora meio governador – está na cadeia. Fazia parte da gangue o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, também preso, porém garantindo um filho como ministro do Esporte. E Temer assistindo o esculacho de seus correligionários vem agora com esse papo de intervenção. Só sendo.

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