Reprodução do artigo publicadona editoria de Opinião, O POVO, edição de 13/9/2018.

Democracia corre perigo real

E vem um “cientista político”, cujo currículo ostenta livros e doutorado em universidade americana, dizendo não ver “diferenças significativas” entre Bolsonaro e os outros candidatos a presidente. Para ele, caso eleito, o deputado seguiria “as regras do jogo”. O argumento é de Jorge Zaverucha, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (9/9/2018).

Primeiro, o cientista político deve ter-se esquecido que muitos colegas dele também diziam que o amalucado Donald Trump, presidente americano, seria contido pelo “sistema”. Depois, o professor começa errando, pois afirmou que o ataque a faca contra Jair Bolsonaro fortaleceria a sua candidatura. Pesquisa do Datafolha, divulgada no dia seguinte ao prognóstico, mostrou que o candidato cresceu dois pontos (dentro da margem de erro), mas a sua rejeição subiu quatro pontos.

Em seguida, o professor afirma que a democracia brasileira é “frágil” e que outros personagens contribuíram para enfraquecê-la. É aí que ele completa dizendo não ver “muita diferença” entre Bolsonaro e os demais candidatos. Sério? Pode-se discordar de Alckmin, de Ciro, de Haddad ou mesmo de Boulos, mas nenhum deles promove ameaças à ordem democrática, como faz o candidato militar.

E, para azar do professor, o general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, admitiu, em entrevista à GloboNews que, caso sua chapa vença a eleição, um “autogolpe” poderia ser aplicado, com apoio das Forças Armadas, em caso de “anarquia generalizada”. Lembrado pelo entrevistador que a hipótese não era contemplada na Constituição, o general disse que caberia ao “comandante” interpretar a situação.

O fato é que, ao contrário do que diz o professor, Bolsonaro lidera uma horda de protofascistas, portanto um perigo real para a democracia.

Para completar o cientista político diz não excluir, “de jeito nenhum” a possibilidade de votar em Bolsonaro. Vendo coisas assim, ditas por um professor, dá até vontade de aderir ao movimento escola sem partido.

PS. Para ler a entrevista de Jorge Zaveruch na Folha de S. Paulo.

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