Me lembro até hoje – e guardo a edição do livro – do meu espanto ao ler Virando a própria mesa, de Ricardo Semler, publicado em 1988. O empresário, na época com 28 anos, assumira há poucos anos a direção da empresa do pai, passando a aplicar métodos revolucionários de comando, descentralizando a tomada de decisões e ampliando a participação dos funcionários em todos os processos.
Depois, nunca mais me interessei por ler nada do que ele escrevia, pois administração de empresas não é assunto de meu interesse, e nem me lembro porque, à época, comprei o livro.
Mas eis que me reencontro com um texto de Semler, na Folha de S. Paulo (2/10/2018) com o título “Alô, companheiros de elite”, no qual classifica os integrantes de sua classe social como “atrasados”, entre outras coisas. Já defendi essa tese por aqui, com palavras menos educadas, pois uma classificação mais precisa da elite brasileira seria “tosca” e “ignorante”.
Mas, claro, as palavras de Semler têm mais pertinência, pois ele fala pelo que conhece de dentro, da convivência íntima. E eu, um simples sujeito de classe média esfolado pelo imposto de renda, só posso comentar pelo que vejo de fora – e já é bem feio.
Ricardo Semler é sócio da Semco Style Institute, fundador das escolas Lumiar; também foi professor visitante da Harvard Law School e de liderança no MIT( EUA). Veja alguns trechos do artigo.
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“Recentemente, realcei que a ida das elites à Paulista para derrubar a Dilma equivalia a ‘eleger’ o Temer e seus 40 amigos. Ninguém da elite quis ir às ruas para pedir antecipação de eleições. Erraram feio, como no passado [eleição de Collor de Mello], ou como quando deram as chaves da cidade ao Doria. Quanta ingenuidade.”
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“A reação de medo e horror da esquerda, Ciro incluso, é ignorante. Vivemos, nós da elite, atrás de muros, cercados de arames farpados e vidros blindados, contratando os bonzinhos das comunidades para nos proteger contra favelados. Oras, trocar vigias com pistolas por seguranças com fuzis é um avanço? Ou é melhor aceitar que o país é profundamente injusto e um lugar vergonhoso para mostrarmos para amigos estrangeiros?”
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“Não compartilho com os pressupostos ideológicos do PT e —até pouco— fui filiado a um partido só, o PSDB. Nunca pensei em me filiar ao PT, nunca aceitaria envolvimento num Conselhão de Empresários, por exemplo. Apenas reconheço que as elites deste país sempre foram atrasadas, desde antes da ditadura, e nada fizeram de estrutural para evitar o sistema de castas que se instalou. Nenhum de nós sabe o que é comprar na C&A e ser seguido por um segurança para ver se estamos para roubar, por sermos de outra cor de pele.”
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“Quem terá coragem, num almoço da City de Londres, de defender a eleição de um capitão simplório, um vice general, um economista fraco e sedento de poder, e novos diretores de colégio militares, com perseguição de gays, submissão de mulheres e distribuição de fuzis à la Duterte? Lembrem-se desta frase do Duterte, a respeito de uma australiana violentada nas Filipinas: ‘Ela era tão bonita —eu deveria ter sido o primeiro’. Impossível imaginar o Bolsonaro dizendo isso?” [Veja quem é Rodrigo Duterte.]
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“Colegas de elite, acordem. Não se vota com bílis. O PT errou sem parar nos 12 anos, mas talvez queira e possa mostrar, num segundo ciclo, que ainda é melhor do que o Centrão megacorrupto ou uma ditadura autoritária. Foi assim que a Europa inteira se tornou civilizada. Precisamos de tempo, como nação, para espantar a ignorância e aprendermos a ser estáveis. Não vamos deixar o pavor instruir nossas escolhas. O Brasil é maior do que isto, e as elites podem ficar, também. Confiem.”
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Plínio todos sabem que vc e Petista doente ,eu só não entendo como uma empresa tá seria como o Jornal o povo permite está sua , parcialidade,tudo que é a favor do PT ,você da amplitude divulga.
Olá, Nobre, Eu não sou petista não, só doente. 😉
Já era!!!!! Plinio! E 17!
Vai tomar um SIMANCOL!
Olá, Lázio, agradeço pela leitura. Quanto ao remédio, de qual laboratório você usa?
Realmente, essas impressões vindas de um empresário que nunca comprou na C&A e não está sujeito aos mesmos problemas urbanos que nós mortais são muito profundas, mas não não ponto de nos alcançar. Pode influenciar meia dúzia de “déspotas esclarecidos” da elite ou uns poucos “progressistas” da classe média que não querem perder seus status quo e ficam posando de iluminados, mas que não vivenciam em sua concretude os problemas cotidianos através do prisma de quem os sofre diariamente em uma nação combalida como a nossa. Essas conclusões acima são de um filhinho de papai que cansou de contar reais e agora resolveu dar pitacos na vida pública tentando convencer seus pares de que entende mais do que economia, é agora um visionário político.
Olá, Renan, tem certeza de que a resposta é a este post mesmo?
Um dos maiores enganos do brasileiro médio é achar que quem fez parte do problema pode fazer parte da solução. O PT praticou o estelionato político, falseou, mentiu, roubou, enganou, iludiu, fraudou, traiu e jogou o país num buraco onde jazem 12 milhões de pais e mães de famílias desempregados. Quer programa social melhor do que esse? Pois agora aguente e pague pelo que fez, simples assim! Ou alguém aqui acha que vivemos num mundo de consequencias sem causas?
Raimundo, você acha mesmo que o milionário Ricardo Semler é um “brasileiro médio”?
Chamar Guedes de fraco?
Segue o currículo do mesmo e tentamos comparar com o qualquer intelectual brasileiro:
Paulo Guedes é economista com Ph.D pela Universidade de Chicago, EUA. É fundador e sócio majoritário do grupo financeiro BR Investimentos e um dos quatro fundadores do Banco Pactual. Assina colunas no jornal “O Globo” e na revista “Época”. Foi professor de macroeconomia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) no Rio de Janeiro. Ex-CEO e sócio majoritário do Ibmec. Suas áreas de atuação são: o mercado de capitais e gestão de recursos.Fonte:Exame.Abril.
Estamos caminhando para meritocracia meu nobre.
Olá, Bruno, a resposta é para mim ou para o Nobre, que escreveu há pouco?
Olá, Bruno, você sabe por anda Paulo Guedes? Parece que anda meio sumido, não?
Se a situação do País fosse de calmaria, entenda-se as coisas fluindo num rítmo normal, a chance aclamada pelo economista até que valeria apena; entanto, o Brasil corre por trilhos que irão forçosamente, nas travessuras alucinadas do comunismo, desaguar no pior cenário jamais imaginado pelos brasileiros. Dar oportunidade para a instalação do caos, sem olvidar apostar num comando mais forte (não à ditadura), é jogar fora a oportunidade de melhorar o País, ainda que não seja tudo o que queremos.
Cordialemnte,
Olá, Lemos, Mas que medo do comunismo é esse, já que tal regime não tem a mínima possibilidade de ser implantado no Brasil e hoje é marginal em todo o mundo? Mesmo a China, com seu regime ditatorial, é difícil de ser classificada como “comunista”, já que optou pela abertura ao mundo e pela economia de mercado. Agradeço pelo seu comentário.
Plínio é lamentável a sua coluna.
Afirmar que o PT possa vir pra fazer melhor.
Se ganhasse, que não vai ganhar, seria pra +.
Roubar mais, corromper mais, muito mais.
O Haddad todos os dias está indo em Curitiba. Porque não Consulta o Dirceu que é O guru desta leva nojenta de: corruptos, ladrões. Onde Você viveu os últimos 15 anos, Plínio? Olhe o que este partido tem feito na família brasileira! Meu Deus, não sei se você crer nÊle, quanta manobra, quanto desespero.
Olá, Antônio, vou ver se consigo encaminhar o seu comentário ao Ricardo Semler.
Caro Plínio, gosto dos seus artigos, embora concorde com pouco ou quase nada do você escreve. Ricardo Semler pode ser um dos maiores empresários brasileiros, mas percebo que ele entende muito de economia, mas a política envolve outros temas que não necessariamente estão relacionados à macroeconomia e que, certamente, fogem ao domínio do citado empresário. Insistir em um governo que deteve o poder executivo e o poder legislativo (vide mensalão) por longos 13 anos é persistir no erro. O partido dos trabalhadores teve seu momento, no entanto não soube aproveitá-lo de forma republicana para, enfim, aprovar as reformas que o Brasil tanto necessita para seguir o caminho do desenvolvimento. Talvez não o fez por desídia ou por medo de perder o “apoio popular” que sustentou, enquanto pode, os seus desmandos. Não pode querer agora esse partido jogar toda a responsabilidade sobre o Presidente Michel Temer, muito embora ele tenha contribuído bastante com esse cenário. É preciso assumir aresponsabilidade pelos seus erros e fazer uma mea culpa, mas não governando novamente esse país. O PT, ou uma parcela dele, tinha e nutriu um projeto de poder, mas quem detém o assento presidencial tem de ter um projeto de país. A vida é feita de experiências e já vimos que as experiências dos governos tucanos e petistas não deram muito certo, então vamos a uma terceira oportunidade.
Olá, Renan, agradeço. Divergir é próprio da democracia – e respeito quem age assim.
Plínio você é um bosta. Não tem argumentos e responde com um ironia pobre e chula a opiniões lucidas e lícitas. Por isso não vou perder tempo em te dar aulas de política. Você é um bosta.
Olá Júnior, vindo de você, tomo como elogio.
O jornalista é forte defensor do PT. Desconsidera
Olá, Nobre, você não desconsiderou, você leu. Agradeço.
O melhor e ler isso de um blogueiro de jornal composto basicamente de militantes de DCE de humanas. É muita boquinha!
Olá, “Jair Bolsonaro”: 1. Quem escreveu o texto foi o Ricardo Semler, eu apenas o reproduzi; 1.1. vou ver se consigo enviar esses tão substanciosos argumentos a ele; 2. você está equivocado quanto à composição da equipe de jornalistas do O POVO, procure fazer uma apuração melhor.
Como pode um jornalista ser tão parcial.Pedir uma segunda chance para um partido que quebrou o país. Muito estranho.jornalismo sério mostra fatos,não sua torcida.
Olá, Emanoel, mas uma vez: O texto é de Ricardo Semler; porém concordo quanto às críticas a Jair Bolsonaro. Você acha possível “imparcialidade” frente a um sujeito que despreza mulheres, ataca minorias, defende torturadores e quer implantar um ditadura no Brasil?
Pessoal, discordar do ponto de vista de outro é próprio da democracia. A discussão propositiva engrandece e fortalece a democracia; e considero legítimo discordar das opiniões do Plínio, mas não vamos descer de nível proferindo palavras chulas. O embate deve se dar unicamente no campo das ideias e não atacando as pessoas. Vamos manter o nível da civilidade. Grato,
Caro Plínio, assim como não cabe mais no contexto geopolítico atual a implantação de um regime comunista nos moldes soviéticos, muito embora líderes autoritários como o Nicolás Maduro insista em tal modelo falido ao querer impor o bolivarianismo, não há espaço também para uma ditadura militar. Portanto, não subsiste o argumento de quem afirma, com base em suposições, que o candidato Bolsonaro vá implantar uma “ditadura” no país. O “movimento militar 1964”, como denominou o Min. Dias Toffoli, foi a versão brasileira de uma movimentação ocorrida em quase toda a América do Sul, como ocorreu no Chile e na Argentina, por exemplo. Não foi um movimento descontextualizado da geopolítica latinoamericana daquela época que fazia frente ao avanço claro do comunismo no mundo. Atualmente, o fantasma do comunismo existe, mas não com a força que tinha àquela época. No entanto, o socialismo ainda é um modelo que assusta porque não tem uma base ideológica clara, muito embora se sustente por meio da excessiva concentração de poder em torno de um partido único e do controle social.
Mas você acha que o PT ou o PDT, partidos de centro-esquerda vão implantar o comunismo ou o “bolivarianismo” no Brasil? Aí, teríamos de admitir, além de outros problemas graves da sigla, que o PT é um partido por demais incompetente para a política, pois ficou no poder por 14 anos e não conseguiu dar nenhum passo coclusivo nessa direção.
Não, Plínio. Sinceramente, não acredito que o PT ou o PDT implante, caso algum dos seus postulantes seja eleito, o comunismo no Brasil. Essa ideia tosca pode até passar pela cabeça de algum filiado mais extremista, mas não acredito que esse pensamento seja majoritário porque seria um tiro no próprio pé. Tenho minhas convicções, mas não faço a linha extrema. Prefiro ser pragmático e analisar os fatos a partir de uma ótica menos apaixonada porque a paixão cega a razão.
Prezado Plínio,
Infelizmente (ou felizmente) as máscaras estão caindo e o ódio e intolerância, alimentados por políticos sem escrúpulos, tomou conta de grande parte de nossa gente. Ainda resta esperança na escolha de um terceiro candidato que possa nos tirar dessa polarização que vem levando nosso país ao fundo do poço (poço com fundo sem fim). Não me restam dúvidas que, na hipótese da vitória de qualquer dos dois que lideram as pesquisas, perderemos todos nós!
Sobrou uma pontinha dos R$ 600 MM até pro Plínio esbanjar com seus “meninos e meninos”….kkkk…
Olá Marco, se você descobrir onde está a mala, me avise. 🙂
Não estou entendendo nada. Pela primeira vez um ricaço crítica seus pares, sua turma e os pobres da classe média discordam do ricaço. Outra coisa. Parem com esta bobagem de comunismo, socialismo. O Brasil tem dono. Os donos do Brasil são: EUA, Forças Armadas, sua elite representada pela FIESP, FEBRABAN, Grande imprensa, Judiciário, bancadas do boi, da bala e do conservadorismo da bancada da bíblia. Por tudo que o passou o PT já ganhou está eleição, só não levará a presidência.
Muito bem lembrado, Gildásio, parece que há gente classe média fazendo o papel de infantaria da elite. Talvez sonhem em chegar lá, mas o clube não admite intrusos.
De quem é essa coluna?Por sua resposta a mim fica claro o seu lado,lado esse por um partido que apoia todos os ditadores da época ,inclusive com dinheiro nosso,apoia a destituição da família tradiocional,ideologias de gênero,sexualizacao de crianças,apoi a pedofilia ,partido que criou nos contra eles,gastou milhões em estádios de futebol onde nao tem,quebrou a principal empresa do pais e intitucionalisou a corrupção.A lista ainda tem mais ,porém uma pergunta,o PT se juntou com que a de piorvou melhor na política brasil?
Olá, Emanoel, Eu apoio todo tipo de família e não apenas a “tradicional”. Creio que você é cristão, portanto deveria ouvir a palavra do mestre: “Amai-vos uns aos outros com eu vos amei”, sem discriminação.
Podia ter sido mais elegante,Não me respondeu e ainda me julgou por ter citado a família tradicional,Mas sem atacar outras ,Pois não tenho esse direito.
Olá, Emanoel, claro que respondi. Pode não ter sido a seu gosto, mas a resposta está lá. Eu também não ataquei a família tradicional, apenas ressalvei que existem outras formas de família.
Plínio, a análise do empresário é parcial – todas são. Mas é muito interessante que ele tenha um ponto de vista diferenciado, uma visão de quem está de cima e que acompanhou ao longo de décadas a indiferença das elites frente ao abismo social que, aos poucos, ameaça lhes engolir. Lúcido, esse cidadão observa a atuação dos diversos partidos brasileiros que se alternaram no poder e a forma como agiram para mitigar ou agravar o problema. Enfim, trata-se de uma análise fria, racional. Algo raro hoje em dia. Parabéns.
Olá, Felipe, já havia escrito algumas coisa com argumentos parecidos com os de Ricardo Semler, mas é claro que o “lugar de fala” (para usar um termo da moda) revela muito mais. Semler pode ser considerado do segmento da “elite esclarecida” que, como você diz, sabe que o “abismo social” pode engolir a todos. Veja a obscena excitação do “mercado” para ganhar alguns trocados com Bolsonaro. Getúlio Vargas já percebia isso, e se exasperava com a ignorância da elite, que segue em marcha batida. Veja este trecho do texto do professor Pedro Cezar, estudioso da Era Vargas: “Em reunião com Assis Chateaubriand e o industrial Guilherme Guinle, na qual ‘choveram críticas’ à legislação [trabalhista], registrou [Alzira Vargas] para a posteridade o contundente desabafo de Vargas, na saída, ao entrar no carro: ‘Burgueses burros! Estou tentando salvá-los e eles não entenderam’. Fica clara a visão de longo prazo do estadista, para quem não haveria capitalismo sem as instituições capitalistas, em contraste com o desejo de lucro imediato dos empresários”. Pois é, e os caras continuam agitando o fantasma do comunismo, como na época. Seria cômico, não fosse trágico. Abraço. https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/livros/noticia/2017/08/alzira-vargas-uma-liberal-comunista-9860166.html
Olá grande Plínio, te admiro. Sempre que posso leio vc. Profissão difícil essa de jornalista nos tempos de hoje, né? Observando os comentários percebi que a maioria não leu. Deve ser frustrante para vocês. Eu entro em depressão quando começo a ler algo e vejo os comentários do tipo facebokianos em qualquer tipo de texto, seja escrito por um cara com o seu gabarito ou qualquer fakenews criada por algum retardado mal intencionado. Não fazem a mínima distinção. Vai tudo pro mesmo ralo de odor de enxofre. Que angústia que me dá. Um abraço.
Olá, Rômulo, agradeço pelas palavras. Mas são ossos do ofício. Mas o pior, para essa turma, é que eu não perco o sono e, ainda, me divirto um pouco com a tosqueira. 😉
Me parece que esse Paulo Guedes é formado em economia doméstica , porque o Ciro e muitos outros têm Phd em Harvard, basta ter dinheiro pra pagar, agora eu lembrei da confusão de uma batida no trânsito entre um advogado e um filho do Edson Queiroz, em meio a discussão ele mostrou a carteira da OAB, e o outro falou pra ele, advogados como você eu tenho uma fábrica.