Ele acreditou ser um “mito”, quando é, na verdade, apenas o testa de ferro de forças político-econômicas que mal compreende
* * * * * *
O presidente Jair Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto representando um conjunto de forças contraditórias (extrema-direita, direita, conservadores e liberais), cujo único motivo a uni-los era o ódio ao PT, devido à sua incipiente política social, pois o partido não mexeu em nenhuma das estruturas que perpetuam a desigualdade no Brasil.
O BAIXO CLERO
Porém, Bolsonaro não foi escolhido pelas suas qualidades, pois nele faltam, nem por uma destacada atuação política. Ele ascendeu na preferência das elites por exclusão. Sabiam que nem Geraldo Alckmin, nem Henrique Meirelles tinham popularidade suficiente enfrentar o candidato do PT. As atenções voltaram-se assim a um deputado do baixo clero, cuja única atuação marcante nos seus 20 anos como parlamentar havia sido a truculência e a pronúncia de uma impressionante coleção de frases belicosas, racistas, homofóbicas e misóginas, afora o seu amor por torturadores.
O ANTI-LULA
Além disso, ele era visto como o candidato “anti-Lula”, “anti-esquerda”, “anticorrupção” e “antissistema”, acrescido de seu apelo demagógico em “defesa da família”; tudo coberto com o glacê de “Deus acima de tudo”. Um coquetel que não engana nem mesmo alguém com apenas cinco minutos de experiência política, mas extremamente eficaz para cabalar votos de eleitores desavisados – e são muitos. Era essa coisa amorfa, portanto, que estava disponível à elite, ao “mercado” e a setores militares, depois do naufrágio dos candidatos mais sofisticados.
OS PILARES
Mas havia dois pilares, com total confiança das forças patrocinadoras da candidatura Bolsonaro: o liberal Paulo Guedes (Economia), para garantir a precedência do “mercado” e o general Hamilton Cruz (e o grupo militar), para controlar a figura errática e as ideias estrambóticas do “capitão”. Assim, enquanto os adultos ficariam cuidando do que interessa, Bolsonaro poderia continuar se divertindo com seus filhos no Twitter e no Whatsapp e brincando de antiglobalista arquiconservador com seus exóticos ministros: Damares Alves (Família), Vélez Rodrígues (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), com a bênção do “filósofo” Olavo de Carvalho.
OS MILITARES
Para verificar protagonismo dos militares no governo, basta observar a desenvoltura com que age o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que trabalha em consonância com seus amigos generais. A crise envolvendo o secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, é um exemplo de como a tutela sobre o presidente é exercida por esse grupo fardado.
O MENTIROSO
Como é sabido, o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro, filho do presidente, chamou Bebianno de “mentiroso” por uma rede social, em meio à crise dos supostos laranjas do PSL. O próprio presidente, em apoio ao filho, replicou a postagem em seu Twitter. Depois, em entrevista à TV Record, Bolsonaro apontou que Bebianno teria de “voltar às origens”, ou seja, sair do governo, caso estivesse envolvido em irregularidades.
Bebianno, um dos artífices da eleição de Bolsonaro, em vez de pedir demissão, passou a dar declarações ameaçadoras, afirmando, por exemplo, que o problema poderia “respingar” no presidente, entre outras diretas, indiretas e insinuações. Também começou a mexer os seus pauzinho, apelando para os militares e para Paulo Guedes, rejeitando o “pede pra sair” do capitão. Portanto, a única providência que restava ao presidente, para demonstrar autoridade, seria demiti-lo.
A REFORMA
Temendo que os estilhaços da crise atingissem a reforma da Previdência e levassem a uma desordem generalizada no governo, os militares entraram em campo para pôr ordem na bagunça, que tendia a crescer. Depois da pajelança, o núcleo militar resolveu que Bebianno ficaria no governo, providência anunciada pelo chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
O ACERTO
Mas, ao que parece, Bolsonaro rejeitou a decisão de seus tutores, deixando o negócio em banho-maria, procurando uma terceira via entre a permanência no cargo e a demissão sumária do secretário-geral. O presidente, pelo visto, procurava uma “terceira via”. Nessa busca, segundo informações divulgadas pelos jornais, o presidente teria oferecido, inicialmente, como prêmio de consolação, a diretoria de uma estatal; depois, o lance teria sido aumentado: o comando da embaixada brasileira em Roma. As duas propostas teriam sido recusadas por Bebianno.
Depois de cinco dias de idas e vindas, nesta segunda-feira (18/2/2019), o vice-presidente deu um ultimato para o fim da novela: “De hoje não passa”. De fato, no início da noite desse dia foi divulgada a exoneração de Bebianno, sob a alegação que Bolsonaro o demitira por motivos de “foro íntimo”, criando assim o presidente um motivo nunca anos alegado na história do país, nem do mundo inteiro inteiro, para o afastamento de um ministro de Estado.
De todo modo, qualquer resultado seria desmoralizante para o presidente: se mantivesse Bebianno no governo (mesmo em outro cargo), revelaria o seu temor do desafeto; exonerando-o, depois de cinco dias do início da crise – tendo no meio uma tentativa de acertos -, não melhora muito o quadro.
O GENERAL
O novo nomeado como titular da Secretaria-Geral da Presidência é o general Floriano Peixoto, que exercia o papel de secretário-executivo na pasta. Peixoto é o oitavo militar no primeiro escalão do governo. A partir de agora, entre os quatro ministros que despacham diretamente no Palácio do Planalto, somente Onyx Lorenzoni é civil.
O TUTELADO
Visto assim, parece que o grande laranja do governo é o próprio Jair Bolsonaro, que acreditou ser um “mito”, quando é, na verdade, apenas o testa de ferro de forças político-econômicas que ele mal compreende. É certo que, de vez em quando, Bolsonaro ameaça sair do cercadinho, como o fez nessa crise. Mas o enquadro dos militares, o grupo encarregado de pastorá-lo, será cada vez maior. Assim, sendo, dispõe-se de um presidente tutelado, cujos titereiros vão usá-lo até quando for útil. Depois, terá o destino das laranjas, depois de passadas no espremedor.
Bolsonaro mostra na pratica como se faz com corrupto que se instala no governo, algo que Lula deveria ter feito lá no mensalão, que ao invês disso, acabou passando a mão na cabeça de Dirceu e companhia. E o resultado todos nós já conhecemos.
Olá, Maciel: 1) Bolsonaro não demitiu Bebianno por ele ser “corrupto”, mas por questões de “foro íntimo”, como disse o porta-voz da Presidência; 2) Bolsonaro, depois da demissão, fez um vídeo elogiando o “corrupto” Bebianno; 3) o ministro do Turismo, Marcelo Antônio, tem um suposto laranjal em Minas, mas continua no governo; 4) Bolsonaro tem 9 ministros enrolados com a Justiça, alguns investigados, outros réus e, pelo menos um, condenado pela Justiça em primeira instância. Dê uma pesquisada na internet que você descobre os nomes. Agradeço pela leitura e pelo comentário.
Essa história do Queiroz, do cheque na conta da primeira dama, dos assessores que recebem mas não levam o dinheiro, dos amigos milicianos envolvidos no crime de Marielle, do Ministro do Turismo com seu laranjal, dos crimes de Bebiano a distribuir dinheiro a laranjas do PSL… nada importa mais! O povo quer saber, QUEM FICOU COM O DINHEIRO DO LARANJAL DE BOLSONARO????
Somos a maoria que acredita no trablho na familia e em Deus acoma de tudo.
Se for “acoma” de tudo, é a cara destes quadrilheiros, que já estão em “coma”, na UTI, quase saindo do espremedor de laranjas.
Ótima análise, coerente, imparcial e autêntica, não precisa entender de política para compreender a triste realidade com a qual o povo foi enganado por um grupo de político.
Apesar de seu tom jocoso e desrespeitoso, típico de petistas, psolistas e demais catervas progressistas, vc está coberto de razão.
Olá, Heleno, não se trata de desrespeito, mas de um pouquinho de ironia. A propósito, não considero um demérito ser progressista, pelo contrário.
Palavras de um canhoto com dor de cotovelo. 4 anos num instante passa pessoal
Filho, o pai te perdoa.
Pois pra mim é um defeito grave. O tal progressista defende quase tudo que não presta
Agradeço a sua opinião, Filho, mas cresça antes.
Grande Plínio. Bastante esclarecedor sua análise do que é esse governo. Como já foi citado nos comentários, numa perspectiva política, espero que esses 4 anos passem muito rápido realmente, que não haja o instituto da reeleição (cogitado pelo atual presidente) e que possamos escolher algo melhor para o pais.
Excelente análise. Parabéns pela lucidez.
Também tenho a nítida impressão de q o candidato mito eleito presidente é/foi um grande LARANJA, mas ainda não se deu conta disso… Receio q quando descobrir tente incendiar a plantação!
Os dito “conservadores” acharam que seriam a última bolacha do pacote depois da eleição desse pateta despreparado. Dizem-se nacionalistas mas estão alinhados com forças ultraliberais que vão vender as riquezas nacionais e acelerar o precessão já vigente de desintrustrializaçao do país. Enquanto isso a máquina da dívida e o lucro do banqueiros e acionistas so cresce. Isso sem botar um prego na barra de sabão, apenas com especulação financeira. Onde esse país vai paras?
Vão vender as riquezas nacionais?
O lucro dos banqueiros cresce?
Ainda bem que o Gabriel Parente acordou.
Muito boa sua análise. Tenho pena desse nosso país, está virando um grande laranjal.
Nunca tão poucos enganaram tantos por tão pouco tempo. Coisas destes tristes trópicos.
Plínio, acho que você deve chorar todo dia na cama antes de dormir, lembrando que a galerinha d esquerda que afundou o país durante 14 anos não governa mais o país. Já que você se considera imparcial, faça um texto expondo todos os escândalos dos últimos 14 ano de governo do PT. Acho que você não tem coragem!
Olá, Fernandes, junte a sua “galerinha da direita” e tentem escrever o texto vocês mesmos, depois iniciem um blog e o publiquem. Acho que vocês não conseguem.