Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 4/7/2019.
Ataque à liberdade de imprensa
Será um violento ataque à liberdade de imprensa se for confirmado que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, pediu acesso à movimentação financeira do jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept Brasil. Isso configuraria retaliação para intimidá-lo, devido à divulgação dos diálogos entre Moro e procuradores de Curitiba, indicando conluio entre o ex-juiz e a acusação, no decorrer da operação Lava Jato.
Perguntado insistentemente sobre o tema no depoimento à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Moro evitou dar resposta conclusiva, o que é preocupante. É inadmissível que políticos usem o aparato estatal para atacar a imprensa, quando têm dificuldades em explicar ações que emergem à luz do dia, porém praticadas nas sombras, onde gostariam que ficassem.
O ex-presidente Lula também investiu contra um jornalista, Larry Rotter, então correspondente do New York Times no Brasil. Rotter escreveu reportagem (2004) na qual afirmava que Lula tinha o “hábito de beber”, o que melindrou o então presidente. Lula ameaçou-o de expulsão, o que não se concretizou. Entretanto, somente a ameaça já foi suficientemente grave. Da mesma forma, será inaceitável qualquer retaliação a Greenwald.
Já expliquei por aqui, mas não custa relembrar: mesmo se os documentos divulgados pelo Intercept tenham sido colhidos de forma ilegal, o jornal e o jornalista não cometem nenhum crime ao divulgá-lo. Ao jornalista também não interessa as “intenções” da fonte, se boas ou más, porém se o material é de interesse público.
Por exemplo, uma das hipóteses para as denúncias de Mark Felt, o “Garganta Profunda” do caso Watergate – que derrubou o presidente Richard Nixon – é que ele tenha agido por vingança, devido a uma reles disputa interna, ao ser preterido na promoção ao cargo de primeiro diretor do FBI, agência na qual ele era diretor-assistente.
O caso é que instituições internacionais de liberdade de imprensa já começam a se manifestar contras as ameaças a Greenwald. Mais um embaraço a desmoralizar a imagem do Brasil, cujo conceito já não anda muito bem das pernas no concerto das nações democráticas.
Isso não é violar o direito de liberdade de imprensa ou a de qualquer cidadão.É investigar como um ativista tem acesso a informações emitidas e conseguidas de forma criminosa.Quando puxarem o novelo caro Plínio,veremos de onde partiu a fonte desses invasões.A revusta Isto é,em reportagem já começa a desnudar um esquema de transferencua ilegal de recursos onde o Sr.Greenwald está incluso. Nada mais do que parte de investigação.
Caro Helmut, creio que você não entendeu o que escrevi.