Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, O POVO, edição de 25/7/2019.

Riscos à democracia

A jornalista Miriam Leitão e o marido, o sociólogo Sérgio Abranches, foram desconvidados da Feira do Livro em Jaraguá do Sul (SC), depois de centenas de ameaças de uma milícia virtual, cuja brutalidade visava tornar-se presencial para agredir os dois, caso comparecessem ao evento.

Bolsonaristas tentam impedir palestra do jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept Brasil na Flip, em Paraty. Para intimidar os participantes, atiraram rojões contra o público, usaram canetas laser, e fizeram barulho para dificultar as falas.

Madeireiros queimam um caminhão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), depois de bloquearem o caminho e renderem o motorista em uma estrada, no estado de Rondônia.

Esses fatos aconteceram na sequência de poucos dias.

No primeiro caso, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), manifestou-se mentindo a respeito de Miriam Leitão, dizendo que ela participara da Guerrilha do Araguaia, de modo a desqualificá-la. Mentiu também ao dizer que ela nunca fora torturada, quando presa pelo Exército, na década de 1970.

Quanto ao jornalista Greenwald, ele vem sendo classificado como “criminoso” pela pandilha de extrema direita, devido à divulgação de diálogos comprometedores do ex-juiz Sergio Moro e de procuradores de Curitiba.

Poucos dias depois do atentado contra o Ibama, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (partido Novo) visita madeireiros em Rondônia.

Ontem, três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) interromperam reunião no sindicato dos professores do Amazonas, que organizava protesto por ocasião da visita de Bolsonaro a Manaus, que será realizada hoje. Disseram estar cumprindo determinação do Exército, que negou ter dado a ordem.

Se você é daqueles que vê tudo isso com naturalidade, das duas uma: ou não tem a mínima ideia do risco que a democracia está correndo ou é simplesmente mais um simpatizante ou militante da extrema direita, um “fã” do bolsonarismo.