Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião do
O POVO, edição de 18/7/2019

Partidos, democracia e autoritarismo

Escrevi texto em meu blog afirmando que o PDT cometeria uma estupidez, caso expulsasse a deputada federal Tabata Amaral (SP), devido ao seu voto favorável à reforma da Previdência. Ontem, o partido resolveu suspendê-la provisoriamente, junto com outros sete parlamentares que votaram pela “nova Previdência”, até o fim do processo disciplinar.

Sobre o assunto, antes de saber da punição, a parlamentar escrevera artigo no jornal Folha de S. Paulo, “A ousadia de ir além das amarras ideológicas” (14/7/2019). No texto, Tabata comenta que “muitos partidos já não representam de fato a sociedade, mas somente alguns de seus nichos”. Ora, nenhum partido reflete toda a sociedade – nem os de direita, nem os de esquerda – e sim, como está contido na própria palavra, uma parte dela.

É certo que, chegando ao poder, o partido tem a obrigação de governar para todos os cidadãos. Porém, se for uma sigla que demande pela igualdade ou de “esquerda”, encaminhará uma política para tratar de forma desigual os desiguais. É o caso das cotas, por exemplo, no qual os setores vulneráveis são beneficiados em “prejuízo” da parte da sociedade não discriminada. A Igreja mesmo, em certo momento de sua história, fez a “opção preferencial pelos pobres” como caminho da salvação.

Desse modo, Tabata se equivoca, se estiver tratando do conceito de partido. Isto é, de pessoas com determinada visão de mundo – que aceitando voluntariamente certas regras -, se agrupam sob um conjunto de propostas a serem estendidas ao conjunto da sociedade, depois de submetidas aos mecanismo democráticos. Portanto, sempre haverá tensionamento com oposições, com cada um dos campos entendendo que, ao fim e ao cabo, o seu programa resultará no melhor para toda a sociedade.

Esse conflito está no terreno da democracia; em direção ao autoritarismo estão os que pensam ter o monopólio da benquerença ao Brasil.

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