Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, O POVO, edição de 2/4/2020.
Os limites do “Estado mínimo”
Dia desses ouvi de uma comentarista de economia de TV (cito de memória): “Como a situação mudou eu também mudo o meu pensamento”. Ela procurava justificar por que passou a defender a intervenção estatal na economia devido à crise provocada pelo novo coronavírus.
Antes, a preocupação da jornalista era com o “equilíbrio” das contas públicas. Por isso ficou a favor das reformas e do teto de gastos, limitante das despesas públicas. Porém, diante da circunstância emergencial, ela disse ter mudado de opinião, passando a defender o aporte de recursos públicos, principalmente para o pagamento de uma renda básica para os setores mais empobrecidos da população.
Vejam, se encontramos recursos para tomar tais medidas agora – em conjuntura de crise mundial -, qual era o impeditivo de fazê-lo antes, quando a situação era menos grave no Brasil e no mundo? Se tivéssemos um País sem pessoas vivendo na miséria, com empregos garantidos, morando em habitações decentes, providas de saneamento básico; além de saúde e educação de qualidade, estaríamos em melhores ou piores condições para enfrentar o novo coronavírus?
No entanto, deixamos de implementar as chamadas medidas “anticíclicas” por mera rejeição ideológica.
É que ainda sobrevive na imaginação de muitos economistas liberais – Paulo Guedes incluído – a máxima do ex-ministro da Economia, Delfim Netto: “O bolo precisa crescer primeiro para depois ser dividido”. Traduzindo, locupletem-se bancos e super-ricos que, lá na frente, vão sobrar alguns trocados para os pobres. Entretanto, ao mesmo tempo, aumenta o número de economistas abraçando a tese de que o crescimento só será possível e sustentado se houver redução das desigualdades econômicas e sociais.
Mas foi necessária uma pandemia para desnudar completamente os limites do chamado “Estado mínimo”, mostrando que a renda básica de cidadania não era apenas um devaneio do principal defensor dessa política, o ex-senador – hoje vereador em São Paulo, Eduardo Suplicy. Trata-se, na verdade, da correção de uma injustiça histórica. Mas é preciso que ela permaneça e se amplie, mesmo depois que tudo isso passar.
O mantra dos liberais é o seguinte: Deixem tudo por conta do mercado pois ele resolve tudo na economia; resolve tudo que lhe provém, diga-se de passagem; quando o sistema sofre qualquer abalo – o que não é incomum – correm para os braços do papai “Estado”. Essa história é repetitiva e por demais conhecida…
A solução é:
1- assistirem o filme o poço
2-lerem o mito da torre de babel
Quem assistiu a série da Netflix, os últimos czares não tem como não fazer uma analogia com o governo Bolsonaro e quem seria o rasputim brasileiro