Associação de Delegados contestou acusação de falsificação de provas no caso (Foto: Reprodução)

Associação contestou acusação de falsificação de provas no caso (Foto: Reprodução)

A Associação de Delegados de Polícia Civil do Ceará (Adepol-CE), lançou nesta sexta-feira, 24, nota em que repudia acusações do deputado Capitão Wagner contra responsáveis por inquérito da Chacina do Curió. No documento, a entidade destacou perfil das delegadas responsáveis pela ação e acusa o deputado de falar com “total desconhecimento” do caso.

Em fala na tribuna da Assembleia nesta quarta-feira, 22, Capitão Wagner acusou delegada responsável pelo inquérito de “forjar provas” contra os 44 policiais militares presos por suposto envolvimento no caso. “A delegada apontou fatos que não existiam nos autos. Ela forjou localização geográfica nos mapas apresentados no processo”, disse.

Em resposta, a associação afirma que investigação foi conduzida de “modo transparente, técnico e profissional”, seguindo parâmetros legais e passando pelo crivo do Judiciário e MP. “Não há quaisquer elementos que evidenciem postura excessiva ou irregular”. A nota afirma ainda que a fala simboliza “agudo desrespeito à categoria” dos Delegados de Polícia do Ceará.

“O direito de crítica e opinião deve, logicamente, ser garantido a todo cidadão. No entanto, o exercício desse direito, notadamente em se tratando de um parlamentar representante do povo, deve manter o absoluto compromisso com a verdade. A tribuna dos representantes do povo não pode ser palco para que se lancem ilações vazias e inverídicas e arroubos populistas”.

“Injustiça”

Na quinta-feira, o Ministério Público do Ceará (MP-CE) também lançou nota rebatendo fala de Wagner. Nesta sexta, o deputado reafirmou as acusações. “Estamos em um estado democrático de direito: Eles têm o direito de ter uma opinião, e eu a minha. Mas jamais vou recuar, está ocorrendo uma injustiça nessas prisões”, disse.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, ele reafirmou convocação para protesto contra as prisões marcado para a próxima sexta-feira, 31. Em novembro do ano passado, o deputado chegou a acampar em frente ao 5º Batalhão da Polícia Militar em Fortaleza, em protesto contra a “injusta” prisão de policiais no caso.

A delegada Adriana Câmara, responsável pelo inquérito do caso, não quis comentar declarações de Wagner. Em nota, a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) informou que investigação da Delegacia de Assuntos Internos (DAI) foi acompanhada pelo Ministério Público e respeitou todo o trâmite processual.

Chacina da Messejana

Os 44 policiais acusados de participarem na chacina tiveram prisão decretada por um colegiado de três juízes em agosto do ano passado. Segundo denúncia do Ministério Público do Estado (MP-CE), eles teriam participação no assassinato de onze pessoas na Chacina da Messejana, ocorrida na madrugada de 12 de novembro de 2015.

Em denúncia de 16 volumes, mais de cinco mil páginas e que ouviu mais de 33 testemunhas, o MP apontou indícios de execuções “sumárias e aleatórias”. Segundo o órgão, a chacina iniciou como retaliação ao assassinado do soldado Valtemberg Serpa, ocorrida na véspera. Diante do insucesso na localização de alvos, as vítimas passaram a ser escolhidas de forma aleatória.

Quase todas as vítimas tinham menos de 20 anos, tendo apenas duas elas passagens pela polícia – uma por acidente de trânsito e outra por não pagamento de pensão. O MP afirma ainda que existem provas suficientes para condenar os acusados. Entre as testemunhas de acusação, estão inclusive um sargento e um policial da PM.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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