Ciro realizou palestra no Coppe da UFRJ nesta segunda-feira, 8 (Foto: Reprodução / Facebook)

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou, em palestra realizada no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) nesta segunda-feira, 8, que o ex-presidente Lula integra um “sindicato de políticos” que age para o “fim da Lava Jato“.

Também fariam parte do grupo nomes como o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), condenado a mais de 15 anos de prisão.

A declaração de Ciro aconteceu dois dias após defesa veemente do aliado, o governador Camilo Santana (PT), a Lula, no 6° Congresso Estadual do PT. Na ocasião, o governador defendeu o petista como o “maior presidente deste País” e disse que ele estava sofrendo intensa “perseguição” política.

Para Ciro, Lula é “em parte um perseguido político” e estaria usando a condição para crescer nas intenções de voto. “A população brasileira está achando, parte importante dela, que ele é um perseguido político. E em parte é mesmo. E o povo brasileiro odeia perseguição. E o Lula é campeão de entender a psicologia popular e está assumindo esse lugar”, afirmou em entrevista após a palestra.

Pré-candidato à presidência da República, Ciro voltou a dizer que a candidatura de Lula ao cargo seria um “desserviço” ao País. “Estou muito sério dizendo para ele que a sua candidatura é um desserviço ao País e a si próprio. O País se polariza em ódio e fica difícil para o eleitorado me achar no caminho”, disse.

Sem legitimidade

Ciro defendeu que o ex-presidente não tem legitimidade para tomar algumas medidas importantes para a recuperação econômica do País, como acordos de leniência com empreiteiras envolvidas na Lava Jato.

“Uma das coisas que tem que fazer é a leniência e restaurar a capacidade da engenharia nacional brasileira voltar a intervir. Imagina se o Lula vai poder fazer isso? Chamar a Odebrecht e (dizer): ‘Vem cá, vamos fazer acordo de leniência’? Empresa não é corrupta, corruptas são as pessoas que têm de pagar na proporção justa (por) aquilo que fizeram. Não podemos cair nessa estupidez de destruir um setor em que o país tem protagonismo global, que é a construção civil, e gerar déficit em transações correntes com o estrangeiro também em serviços”, afirmou.

Ciro também fez críticas ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, e ao procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação, Deltan Dallagnol.

Camilo Santana

As críticas de Ciro a Lula tornam mais complicada a situação do governador, que já declarou apoio ao seu nome para a presidência da República, mas sinalizou recuo neste fim de semana, ao fazer coro de “Lula presidente” no Congresso do PT. O encontro definiu, ainda, que a candidatura do governador à reeleição pelo PT só aconteceria se vinculada com à de Lula.

Nos bastidores, porém, comenta-se que o ideal, para Camilo, seria uma chapa formada pelos dois. Já Ciro vem criticando a candidatura de Lula e já afirmou, em entrevistas, não contar com a possibilidade de união na chapa com ele.

About the Author

Letícia Alves

Repórter de política do jornal O POVO. Política local e nacional, bastidores e reportagens investigativas. Para sugestão de pautas, entrar em contato pelo e-mail: leticiaalves@opovo.com.br

View All Articles