(FOTO: NELSON ALMEIDA/AFP)

Jair Bolsonaro no último debate

Da coluna de hoje:

Jair Bolsonaro (PSL) lidera as intenções de voto no cenário sem Lula. Aliás, sua vantagem cresceu, e bem. Em junho, sem o petista, ele tinha 17% no Ibope, seguido de Marina Silva (Rede), com 13%. Agora, tem 20% e Marina, 12%.

Ocorre o seguinte: as pesquisas mostram abismo no desempenho de Bolsonaro entre homens e mulheres. No Ceará, por exemplo, ele tem 14% entre homens e 6% entre mulheres, segundo o Ibope. Elas são a maior parte do eleitorado.

É impossível vencer com tanto desnível. Trata-se de candidatura masculina, pautada no testosterona. Perfil bom para arregimentar milícias virtuais que esbravejam nas seções de comentários, mas complicado para dialogar com as mulheres.

Claro, há as que votam nele. Certamente, nos comentários a esta coluna aparecerão algumas. Porém, são muito menos que os homens. Se não mudar isso, Bolsonaro vai perder.

No esforço pelo voto feminino, Bolsonaro só se complica

Bolsonaro sabe disso e tem feito movimentos para falar às mulheres. Até agora, um desastre só. No debate da última sexta-feira, 17, na Rede TV, foi encurralado por Marina Silva (Rede) ao ser confrontado sobre a diferença salarial entre homens e mulheres. Saiu-se da forma mais atabalhoada possível:

1) Defendeu que “a mulher de bem, preparada, tenha sua própria arma se o desejar”. Sim, porque o máximo de formulação de sua campanha chega a isso.

2) “Ensinou” a Marina sobre o sentimento de uma mulher. “Você não sabe o que é uma mulher, Marina, que tem um filho jogado no mundo das drogas”. Sim, porque ele sabe

3) Recomendou à candidata ler o livro bíblico de Paulo. Que aconselha a mulher a se manter em silêncio e ser submissa.

4) Em entrevista após o debate, o candidato negou ser misógino. “Adoro as mulheres. Você duvida? Tenho cinco filhos”. Olha o nível.

Bolsonaro acusou o golpe e tentou construir sua própria narrativa aos seguidores. Em suas redes, acusou Marina de tentar humilhá-lo e disse que ela pagou mico. É uma forma de ver.

Bolsonaro mentiu

Além disso, coisa mais feia, o candidato não sustentou o que disse. Afirmou ser mentira que defendeu que a mulher ganhe menos que homem. Além de não ser verdade, a postura do candidato é burra, pois há registro.

Em fevereiro de 2016, ele disse: “A mulher por ter um direito trabalhista a mais, no caso a licença gestante, o empregador prefere contratar homem”. E acrescentou: “Eu não empregaria com o mesmo salário”.

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Érico Firmo

Colunista de Política e editor do O POVO

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