José Dirceu está em Fortaleza para lançar livro de memórias. (Foto: Mateus Dantas/O POVO)

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) classificou o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), como um “Temer radicalizado”.  Segundo o petista, a candidatura do deputado federal, além do autoritarismo e da postura que classificou como “retrógrada”, representa a ideia de uma “economia liberal, de mercado, privatizante, de corte de gastos”. As declarações foram dadas durante entrevista coletiva na sede do Partido dos Trabalhadores, na tarde desta terça-feira, 25, para lançamento do livro de memórias do político.

Na análise do petista,  sempre que o País opta por políticas econômicas liberais o resultado é “desastre”. “O que está provado historicamente é que o País cresce quando o Estado tem participação através dos bancos públicos, do investimento público, quando se distribui renda, se fortalece o mercado interno e se fortalece o interesse internacional”, opina.

A questão prioritária do Brasil, diz, é a desigualdade social. Para corrigir este contexto, ele avalia que a elite financeira deveria pagar mais impostos. Comenta que não pode viver do “rentismo” e do juros. “Mas parece que o que estou falando aqui é uma ameaça ao mercado, ameaça a quem? A 1% da população, 5%?”, questionou.

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Sobre as eleições deste ano, Dirceu vê o PT praticamente no segundo turno. Ele acredita, inclusive, que é possível ver PT e PSL empatados já na próxima semana. Se confirmado na segunda fase do pleito, ele diz pensar que as chances de Fernando Haddad (PT) vencer Bolsonaro são reais.

Com relação ao ex-prefeito de São Paulo, Dirceu diz que ele “tem lado”, que é o dos pobres. Minimizou o fato de Haddad ter perdido a reeleição municipal, em 2016, comparando-o a Fernando Henrique Cardoso, então no PMDB, que perdeu o mesmo cargo em 1985 para Jânio Quadros (PTB).  Destacou ainda que Haddad foi bom ministro em uma das pastas mais importantes, a Educação – 2005 a 2012.

“É um homem de diálogo como Lula, é um homem que escuta, sabe governar em coletivo, o que é muito importante no Brasil. Saberá escolher, inclusive, junto com os partidos que o apoiam, um ministério a altura do momento que o Brasil enfrenta. Não esse ministério do Temer, que ninguém aqui sabe o nome de dois ministros”, alfinetou. Questionado sobre o que falta a Haddad, respondeu: “Ser presidente”, brincou.

Pesquisa

Último levantamento Ibope, divulgado nessa segunda-feira, 24, mostra Bolsonaro na liderança, mantendo os 28% das intenções de voto. Em seguida, isolado na segunda posição, vem Haddad, com 22%. Ciro Gomes (PDT) se manteve com os 11% das intenções. Embora líder nas intenções de voto, Bolsonaro também lidera entre os candidatos mais rejeitados, com 46%, num crescimento de 4 pontos em relação a penúltima pesquisa. Haddad tem  soma 30%,  Marina Silva (Rede) 25%, Geraldo Alckmin (PSDB) 20% e Ciro Gomes (PDT) 18%.

Numa simulação de segundo turno, Bolsonaro empata apenas com Marina e perde para todos os outros oponentes. Para Haddad, a pesquisa mostra derrota de 43% a 37%. Para Ciro, 46% a 35%. Para Alckmin, 41% a 36%. Já com Marina, 39% a 39%.

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Carlos Holanda

Repórter de Política do O POVO

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