Por Érico Firmo

Eunício Oliveira (MDB) é um político esperto. Fez-se milionário e, egresso do meio empresarial, entrou na política em 1998. Naquele ano, elegeu-se pela primeira vez deputado federal, como terceiro mais votado no Estado. Nas duas décadas desde então, nunca tinha ficado sem mandato. Naquele mesmo ano, tomou o controle do então PMDB de Mauro Benevides. Mais à frente, trombou com Juraci Magalhães, a ponto de o ex-prefeito de Fortaleza deixar o partido. Ficou com o controle absoluto da sigla no Estado.

Eunício Oliveira ao votar neste domingo. (Foto: Mika Holanda / Especial para O POVO)

Eunício perdeu para Eduardo Girão por apertadíssimo placar. Ele já tem experiência em resultados apertados. Em 2002, aderiu à campanha de José Airton Cirilo (PT) no segundo turno e foi peça crucial para quase levar o petista à vitória. Os recursos viabilizados pelo senador foram determinantes para a quase derrota de Lúcio Alcântara (PSDB).

Em 2014, ele chegou ao dia da eleição na frente de Camilo Santana (PT). Mas, em placar bastante apertado, foi para o segundo turno em desvantagem.

Nesta eleição, ele fez todas as costuras ao seu alcance. Se aproximou de Camilo Santana, mesmo ante nítidos sinais de rejeição a ele pela coligação governista.  Foram muitos os sinais e recados, mas ele bancou a parceria, que não se reproduziu nas urnas. Pelo menos desde a redemocratização, nas eleições com dois senadores no Ceará, saíram vencedores os candidatos da mesma chapa. Em tese, Eunício e Camilo estavam a mesma coligação informal. A prática foi diferente e Girão entrou na fresta.

Eunício tentou o quanto possível se associar ao lulismo. Disse que foi voto vencido, apesar de ter dado seu apoio ao impeachment de Dilma Rousseff (PT). Encontrou-se com Fernando Haddad (PT) e ignorou ordens da Justiça para não usar a imagem de Cid Gomes (PDT) e Camilo Santana (PT).

Articulação

Um ano atrás, quando começou a aproximação entre Eunício e os governistas, escrevi: “Alguém vai se dar mal”. Disse à época o seguinte: “Quem menos tem a perder é a base governista estadual: se estiver com Eunício bem. Se não, é o plano que segue. Já a oposição e Eunício podem se dar mal. PSDB e PR podem ser abandonados pelo peemedebista. Eunício pode ser largado pelos governistas. Os destinos estão atrelados, por isso as pressões por respostas e prazos”.

Disse mais: “O que a história demonstra é que esse negócio de tentar composição ampla demais e neutralizar adversários pode agradar todo mundo por algum tempo e algumas pessoas o tempo todo. Mas, não tem como contemplar todo mundo o tempo todo. Uma hora a casa desmorona na cabeça de alguém”.

Desta vez foi na da Eunício.

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