(Foto: Agência Brasil)

Depois de passar 17 dias internado, Jair Bolsonaro volta ao Planalto nesta quarta-feira no momento de maior pressão sobre o governo e o seu partido, o PSL.

A crise, que começou com a denúncia de candidaturas “laranjas” em Minas e agora se estendeu a Pernambuco, pode respingar no presidente e atingi-lo no que é o seu trunfo: o discurso da lisura e da defesa da ética.

Os estragos já são visíveis. Publicamente, o presidente da sigla, deputado federal eleito Luciano Bivar, jogou a batata quente no colo do secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que presidiu o PSL no período das eleições e a quem cabia a decisão de liberar recursos para os estados.

O ambiente, que já era ruim por causa da suspeita que paira sobre o ministro do Turismo de haver criado candidatura “fantasma” dentro da cota das mulheres em Minas, agora piorou com o caso da candidata Maria de Lourdes Paixão, de Pernambuco.

Ainda convalescendo, o presidente terá de lidar com um desgaste cujo potencial de estrago é incerto. Pode se limitar a esses casos, e a pressão ir se atenuando aos poucos. Ou o caldo entornar com o surgimento de outras acusações semelhantes.

Nesta terça-feira, a Polícia Federal intimou a postulante de Pernambuco a depor sobre o repasse de dinheiro do fundo partidário. É outro fator de incerteza para o governo.

O que dirá a candidata que, embora tenha recebido R$ 400 mil, a terceira maior quantia entre nomes do PSL no país, obteve apenas 274 votos?

Também hoje, o vice Hamilton Mourão, em mais uma de suas declarações controversas, disse que o PSL é quem tem de explicar as candidaturas “laranjas”, e não ele ou Bolsonaro. É um modo otimista de ver as coisas.

Tudo isso acontece na esteira das investigações do ex-assessor Fabrício Queiroz, cujo processo foi devolvido ao Ministério Público do Rio de Janeiro, em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em pouco mais de um mês, o Planalto acumula passos em falso, escorregões e choques de cabeça entre auxiliares. Quando voltar, Bolsonaro estará num campo minado, tendo de colocar ordem na casa sem estar totalmente restabelecido.

Será um grande desafio.

About the Author

Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

View All Articles