Após quase quatro meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já visitou Estados Unidos, Chile, Suíça e Israel.
Nesta quarta-feira, 15, o pesselista volta aos EUA, desta vez a Dallas, no Texas, onde tem encontro com o ex-presidente George W. Bush.
O Itamaraty também prepara série de viagens a países árabes até o início do segundo semestre.
Dentro do País, o presidente já se deslocou 13 vezes, incluindo visitas a Rio, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Amapá – estados que lhe deram vitória nas urnas.
Até agora, porém, Bolsonaro não foi a nenhum estado do Nordeste brasileiro, região onde ficou em segundo lugar nas eleições de 2018.
O capitão reformado foi derrotado por Fernando Haddad (PT) no segundo turno da disputa em todas as nove unidades da federação localizadas na área.
Mesmo a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, já andou em terra nordestina – ela foi recebida em Campina Grande, na Paraíba, cerca de um mês atrás.
A composição da agenda do presidente deixa claro que ele tem priorizado mais o diálogo com parceiros internacionais, procurando governos alinhados ideologicamente, como EUA e Israel.
Mas a regra tem valido também para o território nacional, onde Bolsonaro limita seu mapa político a aliados e territórios amigáveis.
Daí a resistência a estabelecer pontes com o Nordeste que o rejeitou, passado tanto tempo de governo.
Esse, porém, é um erro estratégico. Primeiro porque ele precisa desarmar as bombas deixadas pela corrida eleitoral.
Segundo porque a carência de uma agenda nacional fragiliza políticos bolsonaristas, dificultando a formação de uma base governista no Congresso em véspera de ano eleitoral.
Eis o tamanho do problema: se Bolsonaro não viaja, não libera recursos de emendas nem facilita o preenchimento de cargos, o que vai balizar o pacto de adesão ao governo?
Resposta: nada. Por isso o fracasso que é a marca da articulação parlamentar do governo.
Essa dificuldade explica parte das derrotas de Bolsonaro na Câmara e Senado – e o insucesso de demandas como a manutenção do Coaf sob a alçada do ministro Sergio Moro.
Enquanto falar apenas para os seus, e às vezes nem para eles, o Planalto vai continuar a patinar.
E com um risco cada vez maior no horizonte, qual seja: as contas de Flávio Bolsonaro.
Afinal, o presidente não mencionou à toa a ameaça de um tsunami. Ele não se referia aos protestos marcados para amanhã, tampouco ao risco de a MP da estrutura do governo caducar.
Para Bolsonaro, que enxerga a política sob a ótica familiar, o buraco é mais pra baixo. Se ele fala que um furacão vem aí, é certo que as rajadas de vento vão atingi-lo pessoalmente.
Nesse aspecto, a receita do pesselista para driblar a crise que se avizinha é totalmente errada.