Encontro Povos do Mar: na imagem, o pequeno sanfoneiro Kayro segura uma sanfona e sorri para a foto. Ele usa um chapéu de cangaceiro e está em frente a um letreiro onde se lê "Fecomércio CE"

Conhecido nacionalmente após sua participação no The Voice Kids, o pequeno Kayro também compõe e domina outros instrumentos (Foto: Divulgação)

Com uma rotina praticamente de “gente grande”, distribuída entre a Escola Indígena Direito de Aprender do Povo Anacé, pela manhã; cursos e ensaios, à tarde; e shows, à noite (que se transformaram em lives, com a chegada da pandemia), Kayro Oliveira, 12, encontra no resfôlego de uma sanfona motivos de sobra para ganhar a vida fazendo o que mais gosta desde bem pequeno: soltar a voz.

Conhecido nacionalmente após sua participação no programa The Voice Kids (2018), o músico, que também compõe, domina outros instrumentos – guitarra, baixo, cavaquinho, violão, teclado e até bateria – todos de forma autodidata. Porém, é com a fiel companheira de oito baixos que o cearense, desde os seis anos, vem se firmando com uma das grandes promessas do xote, baião, xaxado e outras vertentes do bom e velho forró pé-de-serra.

“Não tem nenhum músico na minha família. O gosto pela música veio dos meus pais, que sempre gostaram de ouvir Dominguinhos, Luiz Gonzaga e outros”, conta Kayro que, aos dois anos, já brincava pela casa com uma sanfoninha “de mentira”, confeccionada de papelão. Aos 10, no entanto, a primeira “de verdade” (e que o acompanha até hoje) veio como presente de Seu Eurides, pai do conterrâneo Waldonys.

Filho de Erandir (pintor industrial) e Luiza Gil (dona de casa), o cearense reside na Reserva Indígena Taba dos Anacé, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (a primeira a ser entregue oficialmente pelo Estado, em 2018), e tem mais quatro irmãos: Jonathan, Jane, Kennedy e Glenda. Além dos instrumentos, chapéus, sandálias e gibões de couro possuem um cantinho todo especial em sua casa.

Encontro Sesc Povos do Mar acompanha a história de Kayro Oliveira há várias edições. “Na minha primeira participação como atração, eu tinha oito anos de idade, e foi quando fiz a música do Povos do Mar. Mas o nosso povo participa desde o primeiro ano e foi assim até o ano passado; esse ano vai ser um pouco diferente”, antecipa o músico quanto às medidas adotadas pelo Governo no combate à Covid-19.

No final de 2019, o pequeno sanfoneiro lançou seu primeiro DVD em show ao vivo, no Cuca Mondubim. O lançamento, segundo ele, acontecerá em breve. “Junto com ele, vem o lançamento do filme que eu gravei (Légua Tirana, de Marcos Carvalho e Diogo Fontes), contando a história de Luiz Gonzaga onde eu fiz ele quando era pequeno. Se Deus quiser, próximo ano vai dar tudo certo!”, conta, confiante.

A trajetória do pequeno sanfoneiro e seu povo Anacé é uma das muitas que estão presentes na edição que celebra os 10 anos do Encontro Sesc Povos do Mar, que acontece até 11 de dezembro de 2020. Por conta da pandemia, as atividades no Sesc Iparana Hotel Ecológico (sem visitação) serão adaptadas para que o público possa acompanhar as transmissões pelas redes sociais e canal Sesc no Youtube.

Após o encerramento do X Encontro Sesc Povos do Mar, será iniciado o VI Encontro Sesc Herança Nativa, com a presença de quilombolas, povos indígenas e ciganos, de 11 a 15 de dezembro de 2020. O projeto é realizado pelo Sesc, instituição do Sistema Fecomércio, criado e mantido pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo do Estado do Ceará.