A liberdade de Jesus impressionou tanto os seus contemporâneos, a ponto de um fariseu elogiá-lo, dizendo: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que,  de fato,  ensinas o caminho de Deus. Não dás preferência a ninguém, pois não consideras o ser humano pelas aparências…” (Mc 12,14). Essa liberdade tem a sua fonte e está arraigada na união de Jesus com o Pai. Ele afirma que o Pai está n´Ele e Ele no Pai. Essa identificação confere-lhe autoridade para realizar a obra do Pai e assumir essa atitude de liberdade face ao poder religioso e político que deturpa a imagem de Deus (Jo 10,22-39).

Jesus não só se revela como um homem livre em seu modo de ser e agir, mas, ao mesmo tempo, assume uma atitude libertadora em relação às pessoas com as quais entra em contato. Ele é fautor de liberdade, tornando as pessoas livres. Liberta, antes de mais nada, de uma concepção mistificadora e deturpada de Deus. A religião muitas vezes foi usada como garantia de relações sociais injustas e para defender interesses de grupos. A visão religiosa servia para justificar privilégios. Nada oprime mais do que um deus opressor. Jesus vem libertar de um deus imaginário construído pela mão do ser humano e revelar a verdadeira face amorosa de Deus. A ternura divina revelada no agir de Jesus liberta de todos os temores que se possa ter em relação a Deus. As curas milagrosas de doentes, as refeições com publicanos e pecadores, a acolhida de prostitutas são expressões da ternura que libertam das condenações e discriminações fundadas na religião.

[Junges, José Roque.  A Ética de Jesus e os Cristãos.  In: Aquino, Marcelo Fernandes de (organização de).  Jesus de Nazaré, profeta da liberdade e da esperança. – São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1999, p. 227.]

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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