Amor fati VII: Pessach

Eu acredito em alguma coisa. Você faz força para não acreditar em nada. O Sílvio diz que isso é do século passado, ceticismo é o nome, coisa que andou muito em moda há tempos. Ele cita o nome do sujeito que você lia muito.

– Renan?

– Sei lá. Um nome qualquer. Quem foi esse camarada?

– Um ex-seminarista que escreveu fantasias, num ótimo francês. Sílvio tem razão nesse particular: o ceticismo fica bem no século XIX, mas não sou um homem do século XIX, embora seja cético quanto ao movimento de vocês. Luto apenas para ser homem, independente do tempo, sozinho.

– Você acha isso possível?

– Difícil. Mas não impossível.

Carlos Heitor Cony

[Cony, Carlos Heitor. Pessach: a travessia. 6ª. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 167.]

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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