Um homem que se deixou questionar e guiar pela palavra de Deus, que sentiu com intensidade muito grande o chamado a dedicar a sua vida ao anúncio do Evangelho e que soube implicar a muitos outros nessa obra.

Josep Maria Abella, CMF.

[Abella, CMF, Josep Maria. Apresentação, p. 5. Em: Claret, Santo Antônio Maria. Autobiografia. Edição para língua portuguesa (Brasil) preparada por Brás Lorenzetti, Oswair Chiozini. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2008.]

Santo Antônio Maria Claret tem sido para mim um dos mestres a quem tenho recorrido com frequência desde que li pela primeira sua Autobiografia. Eu nunca tinha ouvido falar desse santo até adquirir um exemplar do livro em que ele próprio narra com beleza, encanto e uma invejável sinceridade sua história de vida. Fiquei fascinado. Desde então, a Autobiografia tem sido para mim uma leitura constante, à qual tenho retornado inúmeras vezes.

O meu exemplar dessa obra é um testemunho vivo da sua importância e presença constante na minha vida nos últimos três anos. Há trechos sublinhados com canetas de diversas cores, uma forma que encontrei de destacar diferentes aspectos da obra. A completar essa miscelânea de cores disseminadas pelas páginas, devo mencionar ainda as anotações, quase todas muito pessoais, pois ao longo do livro dialogo o tempo todo com o seu autor, numa mistura de indagações e elucidações de dilemas espirituais enfrentados por mim nos últimos anos.

Santo Antônio Maria Claret foi uma figura extraordinária. Um homem que soube aliar um grande senso prático a uma profunda experiência mística. Nesse aspecto ele pode ser equiparado a santa Teresa de Jesus, de quem, aliás, foi um leitor assíduo. Ao longo de sua Autobiografia por diversas vezes nos deparamos com citações da mestra carmelita, especialmente do Livro da Vida.

Para se ter uma ideia do senso prático e empreendedor de São Claret, que o levaram a uma série de ações bastante diversificadas, basta citar um trecho da Apresentação da edição brasileira da Autobiografia, escrita por Jaime Sánchez Bosch, CMF, onde afirma:

Foi um homem prático, que entendia de fábricas e técnicas de tecelagem, mas que aplicou o seu talento empresarial à construção do Reino de Deus. Se pensava em algo que poderia ser útil e eficaz, mas não existia, ele o criava. Foi um desbravador. Deu vida a uma editora de livros, cooperativa, caixa econômica, associação de artistas e intelectuais, congregações religiosas e de leigos consagrados, que hoje formam a Família Claretiana (p. 7).

A completar essa informação, na Introdução à Autobiografia, José Maria Viñas, CMF, e Jesús Bermejo, CMF, escrevem:

A vida sobrenatural, que no contemplativo se desenvolve nos dons passivos, age em Claret primariamente nos dons ativos. Por isso santo Antônio Maria Claret foi chamado místico da ação, não só por causa da presença de Deus na ação, mas porque era movido pelo Espírito de um modo peculiar em sua atividade apostólica (p. 24).

Para quem se aventura a percorrer o itinerário da alma para Deus, na perspectiva católica, santo Antônio Maria Claret constitui mestre seguro e confiável. Não hesitaria em afirmar que a quem quer que dele se aproxime imbuído do objetivo de ser conduzido nesse itinerário, encontrará nesse santo espanhol um mestre de grande doçura e solicitude, sempre disposto a orientar quanto à trilha a seguir, evitando que o discípulo se perca ao longo da difícil jornada. Um autêntico Patrono e Mestre Espiritual que sabe como implicar cada um de seus discípulos e devotos na realização da missão que lhe foi confiada por Deus.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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