O rol dos santos e santas, para além de algumas categorias bem qualificadas, compreende todos os que, participando das maravilhas divinas, são um reflexo da santidade única de Deus, sinais vivos do amor que se encarnou em Jesus Cristo e se manifesta no ministério da Igreja. (…) Esse mistério inefável que atua nos santos faz que eles se tornem modelos de vida para toda a comunidade cristã, em uma admirável comunhão de glória e de intercessão, e se tornem a esperança da Igreja peregrina na terra, toda orientada para as realidades eternas.

Antonio Donghi

[Donghi, Antonio. Verbete: Santos. p. 1557. Em: Sodi, Manlio e Triacca, Achille M. (orgs.) com a colaboração de 195 peritos. Dicionário de Homilética. Apresentação de S. Emª. o Cardeal Silvano Piovanelli, Arcebispo de Florença; prefácio de Sergio Zavoli, Jornalista e escritor; tradução Orlando Soares Moreira e Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Paulus: Loyola, 2010.]

A Igreja Católica comemora hoje o  Dia de todos os santos. Este é um universo que sempre me fascinou, por isso mesmo dediquei uma das categorias deste blog à hagiologia, que é o estudo da vida dos santos. Os santos são fonte de interesse e curiosidade particularmente pela sua forma de vida. Geralmente são vistos como figuras extraordinárias, que tiveram a oportunidade de experimentar em toda sua plenitude a transcendência.

E assim é, de fato. Presentes em todas as religiões, os santos são provavelmente a categoria de pessoas que mais se destacam pela singularidade de sua vida. É nos santos que as possibilidades humanas atingem o ápice, o máximo de realização a que alguém pode aspirar. Talvez seja por isso que eles causam tanto interesse.

Por outro lado, é preciso salientar que, em que pese os feitos extraordinários de que se mostraram capazes, os santos foram homens e mulheres como todos nós. Ao contrário do que muitos supõem, eles foram, na verdade, as únicas pessoas autenticamente humanas.

O que os diferencia de nós outros, pessoas comuns, é apenas uma característica, responsável, esta sim, por tudo aquilo que foram capazes de levar a efeito: uma disponibilidade inquebrantável para a entrega à fé e suas possibilidades. Para o santo não há meio termo, não há meias verdades. A fé claudicante, que mantém sempre um pé na frente outro atrás não combina com eles.

Creio que se possa afirmar que eles foram as únicas pessoas em quem, de fato, germinou a semente de mostarda de que falou Cristo:

Em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível. (Mt 17,20).

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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