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Vasco Arruda

Infinitamente mais do que aquilo que eu te disse aqui, irá ensinar-te a experiência; e, se vieres a ficar fiel no pouco que aqui te ensinei, encontrarás tanta riqueza e tanta graça nesta devoção que virás a ficar surpreendido e repleto de gáudio.
São Luís Maria Grignion de Montfort
[Montfort, São Luís Maria Grignion de. O Segredo de Maria. – 1ª. ed. Lorena, SP: Cléofas, 2012, p. 65.]

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Vasco Arruda

Como imaginá-lo? Como um autêntico mestre espiritual, um guru, um bom velhinho, baixinho e atarracado, robusto e bonachão, aos pés do qual todos gostam de sentar para ouvir-lhe as palavras, desfazer as dúvidas e aprender a viver. Mas, como qualquer outra pessoa, nosso bom velhinho chegou ao fim de sua peregrinação terrestre. Foi na noite de 22 para 23 de abril que ele passou desta vida para a paz do Senhor: exatamente 53 anos depois de ter deixado os campos, os bois, o arado, para imitar São Francisco no seguimento de Jesus Cristo.
Frei Ary E. Pintarelli, OFM
[Introdução a: Pintarelli, Ary E. Sabedoria de um simples: Os ditos do Beato Frei Egídio de Assis. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997, p. 24]

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Vasco Arruda

A obra de Rainer Maria Rilke capturou a imaginação de músicos, filósofos, artistas, escritores e amantes da poesia, e estendeu o alcance da poesia a pessoas raramente interessadas em elocuções humanas versificadas. Marlene Dietrich, Martin Heidegger e Warren Zevon recitavam de cor poemas de Rilke. Essa capacidade das palavras de Rilke de tocar de pessoas tão diferentes como se cada palavra tivesse sido escrita só para elas, à parte sua estima entre colegas poetas e acadêmicos, confere à sua poesia a força que ela tem e impediu sua obra de se tornar um mero artefato da civilização que Hegel foi o primeiro a chamar de Velha Europa. O poder dos escritos de Rilke resulta de sua habilidade em entrelaçar a descrição de objetos cotidianos, sentimentos minuciosos, pequenos gestos e coisas desprezadas – aquilo que constitui o mundo para cada um de nós – com temas transcendentes. Ao entrelaçar o cotidiano e o transcendente, Rilke insinua em sua poesia – e explica minuciosamente em suas cartas – que a chave para os segredos de nossa existência pode ser encontrada bem diante de nossos olhos. Essa insinuação não é domínio exclusivo da obra poética de Rilke, que abrange 11 coletâneas publicadas antes de sua morte, em 1926, e um grande número de poemas publicados postumamente. Ele foi um epistológrafo prodigioso, e em sua correspondência espantosamente vasta Rilke se solta das coerções do verso alemão para produzir reflexões contundentes e acessíveis sobre um amplo espectro de tópicos.
Ulrich Baer
[Baer, Ulrich. Introdução a Rilke, Rainer Maria. Cartas do poeta sobre a vida: a sabedoria de Rilke. Organização Ulrich Baer; tradução Milton Camargo Mota. – São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 10. – (Coleção Prosa)]

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Vasco Arruda

No centro, contudo, está Ele, o Filho, cuja figura aparece naquele pequeno Credo presente nas palavras do anjo, verdadeira identidade de Cristo. Ele é Jesus, um nome comum em Israel mas cujo significado é altíssimo: Salvador. Ele é Grande e Rei eterno (“O Senhor Deus Lhe dará o trono do seu pai David e reinará para sempre sobre a casa de Jacob e o seu reino não terá fim”, vv. 32-33). Com estes dois títulos, Jesus surge como o herdeiro da promessa davídica: “Fiz o teu nome tão grande… Firmarei para sempre o seu trono régio. Serei para Ele um Pai e Ele será para mim um Filho… A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre” (2Sm 7,9.13.14.16). Jesus é, portanto, o Messias davídico. O anjo alinha outros três títulos cristológicos: Filho do Altíssimo, Filho de Deus, Santo. João Batista é chamado “grande diante do Senhor” (v. 15), Jesus é o Grande em absoluto. João Batista é “cheio do Espírito Santo desde o seio de sua mãe”, mas relativamente a Jesus é o próprio Espírito Santo que “desce” para O constituir como homem; João Batista é destinado a “preparar um povo ao Senhor” (v. 17), Jesus pelo contrário tomará posse e reinará sobre o povo de modo eterno” (v. 33).
Gianfranco Ravasi
[Ravasi, Gianfranco. Os rostos de Maria na Bíblia: trinta e um “ícones” bíblicos. Tradução de Maria Pereira – TRADUVÁRIUS, Lisboa: Paulus Editora, 2008, p. 155.]

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Vasco Arruda

Na gruta de Nazaré encontram-se Deus e o homem, anulando qualquer distância. Por agora, de um lado, está o anjo, o sinal do divino, e do outro, Maria, uma menina talvez de uns doze anos, segundo a práxis nupcial antiga do Oriente. Aliás, o ano do seu nascimento é desconhecido, tal como tantas outras datas da sua vida. Podemos avançar uma hipótese, tendo, no entanto, em conta que o início da era cristã, com base no qual calculamos nossos anos, não é correto por causa de um erro do primeiro que fez essas contas, o monge do século VI, Dionísio, o Pequeno. De fato, se Herodes morreu no ano 4 a.C., é preciso retrodatar o nascimento de Cristo pelo menos no ano 6 a.C. Considerada depois a jovem idade em que a mulher contraía matrimônio no antigo Próximo Oriente, podemos pensar que Maria tenha vindo a este mundo por volta de 18-20 a.C., quase certamente em Nazaré, apesar de os evangelhos apócrifos a dizerem natural de Jerusalém. Mas o primeiro acontecimento registrado pelos evangelhos canônicos é precisamente o encontro com o anjo. Um encontro narrado segundo os moldes dos famosos relatos de anunciações de nascimentos gloriosos, já conhecidos no Antigo Testamento e presentes em Lucas, como a anunciação a Zacarias (1,5-38), e em Mateus com a referida anunciação a José. Eis, então, a aparição angélica (Gabriel, como para Zacarias); eis a razão do temor da pessoa eleita (“ela ficou perturbada… Não temas…”); eis o grande anúncio central (“conceberás um filho e chamá-lo-ás Jesus…”) com o nome e o destino do nascituro; eis a objeção (“como será possível? Não conheço homem”) e eis, enfim, o sinal (o concebimento de João Batista por parte de Isabel).
Gianfranco Ravasi
[Ravasi, Gianfranco. Os rostos de Maria na Bíblia: trinta e um “ícones” bíblicos. Tradução de Maria Pereira – TRADUVÁRIUS, Lisboa: Paulus Editora, 2008, p. 154.]

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Vasco Arruda

O anjo espera a tua resposta, ó Maria! Esperamos também nós, ó Senhora, este teu dom que é dom de Deus. Está nas tuas mãos o preço do nosso resgate. Responde depressa, ó Virgem! Pronuncia, ó Senhora, a palavra que a terra e o céu esperam. Dá a tua palavra e acolhe a Palavra; diz a tua palavra humana e concebe a Palavra de Deus; pronuncia a tua palavra que passa e estreita no teu seio a Palavra que é eterna… Abre, portanto, ó Virgem bendita, o teu coração à fé, os teus lábios à palavra, o teu seio ao Criador. Eis, aquele que é o desejo de todas as gentes, está fora e bate à tua porta… Levanta-te, corre, abre! Levanta-te com a tua fé, corre com o teu afeto, abre com o teu consentimento.
São Bernardo
[Citado em: Ravasi, Gianfranco. Os rostos de Maria na Bíblia: trinta e um “ícones” bíblicos. Tradução de Maria Pereira – TRADUVÁRIUS, Lisboa: Paulus Editora, 2008, p. 156.]

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Vasco Arruda

Ou o Cristo “é” ou “não é”. Ou é o Verbo encarnado que falou de si mesmo, ou não é. […] Vale a pena pensar nisto com toda a atenção porque é perfeitamente possível […] que o Cristo seja o Cristo. […] Convencer, eu não posso. Como poderia eu convencer alguém que resiste a Deus? Posso entretanto fazer […] um convite ao desespero. […] Ou Deus é ou não é. E se não é, acabou-se; que não seja. […] Ali está o caminho que não é a Verdade e a Vida: entremos. […] Nada adianta. Nem ser bom, nem ter caráter, nem ter vergonha, nem ter sentimentos. […] Ou o Cristo ressuscitou ou não; e se não ressuscitou, nós somos as mais desgraçadas criaturas porque perdemos a última aposta.
Gustavo Corção
[Corção, Gustavo. A Descoberta do Outro, págs. 109-111. Citado em: Braga, Marta. Lições de Gustavo Corção. – São Paulo: Quadrante, 2010, p. 56. – (Coleção Vértice; 71)]