De um tempo para cá, Deus nosso Senhor, por sua infinita bondade, me revela muitas coisas quando estou em oração.

Santo Antônio Maria Claret

[Claret, Santo Antônio Maria. Autobiografia. Edição para língua portuguesa (Brasil) preparada por Brás Lorenzetti, Oswair Chiozini. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2008, p. 312.]

Há 210 anos, no dia 23 de dezembro de 1807, nascia em Sallent, província de Barcelona e diocese de Vic, na Espanha, um homem extraordinário que se tornaria conhecido no mundo católico com o nome de Santo Antônio Maria Claret. Saliente-se, de antemão, que inicialmente Maria não fazia parte de seu nome, sendo a ele incorporado somente em 1850, motivado por sua grande devoção à Mãe de Cristo, por ocasião de sua consagração episcopal.

Anteriormente já escrevi sobre o santo, neste blog. Faço-o hoje, mais uma vez, como tributo de gratidão pelo seu aniversário de nascimento. Devo muito a Santo Antônio Maria Claret. Desde que li sua Autobiografia, publicada no Brasil em 2008, tomei-o a um só tempo como modelo e conselheiro. Ele tem sido para mim um Mestre que me tem aconselhado em diversas ocasiões, especialmente durante as minhas orações. Em muitos momentos de atribulação e inquietude as palavras de São Claret têm sido para mim um bálsamo que aquieta minha alma e me faz retornar à trilha quando sinto eventuais ameaças de desvio.

Uma das melhores aprendizagens que ele tem me proporcionado tem sido uma fé e confiança inquebrantáveis no poder e eficácia da oração, seja ela vocal ou mental, embora ele demonstre uma predileção maior pela primeira modalidade, conforme suas próprias palavras:

“Para mim, a oração vocal me satisfaz mais do que a puramente mental, graças a Deus. Em cada palavra do Pai-nosso, Ave-Maria e Glória, vejo um abismo de bondade e misericórdia. Deus me concede a graça especial de estar muito atento e fervoroso durante tais orações. Também na oração mental, na sua bondade e misericórdia, o Senhor me concede muitas graças, porém na oração vocal o reconheço mais” (p. 313).

A par disso, há que salientar a intimidade que este santo tinha com a Virgem Maria. O relato dos episódios em que Nossa senhora o socorreu em momentos de dificuldade e perigo são apaixonantes. Tais relatos tiveram o condão de reforçar mais ainda a grande devoção que nutro desde a infância pela figura da Virgem. Para mim, uma das mais belas demonstrações de seu carinho por ela encontra-se no seguinte trecho de sua Autobiografia, em que ele manifesta não apenas o desejo de amá-la, mas de fazê-la conhecida e amada por outros:  “Ó Maria, minha mãe! Quanta bondade tendes tido para comigo e quão ingrato sou para convosco! Sinto-me confuso e envergonhado: Minha mãe, desejo amar-vos daqui para diante com todo fervor; e não só eu vos amarei, mas procurarei fazer que todos vos conheçam, vos amem, vos sirvam, vos louvem, rezem o santíssimo rosário, devoção que vos é tão agradável. Ó minha mãe! Ajudai-me na minha debilidade e fraqueza, a fim de cumprir minha resolução” (p. 66).

Para concluir, transcrevo algumas palavras suas dirigidas a Deus num tom que fazem lembrar a conhecida expressão de santo Agostinho, “tarde te amei”: “Ó Deus meu! Como tendes sido bom para comigo! Levei muito tempo até conhecer as muitas e grandes graças que me confiastes. Fui servo inútil, que não fiz crescer o talento a mim confiado. Porém, Senhor, dou-vos minha palavra que trabalharei; tende um pouco de paciência comigo; não me retireis o talento; eu o farei render; dai-me vossa graça e vosso divino amor, e prometo que trabalharei” (p. 59).

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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