O título Theotokos (a que pare Deus, ou a que dá à luz Deus), compreendido na época como Mãe de Deus, está vinculado a são Cirilo de Alexandria, que deduzirá a legitimidade de aplicá-lo à Maria da união hipostática das naturezas divina e humana na única pessoa do Verbo. Em se tratando de Maria, a terminologia é importante. Para a tradição grega, o termo Theotokos continua sendo uma de suas designações principais. Na tradição latina, se dá a passagem significativa do Dei Genitrix, a genitora de Deus, a Mater Dei, Mãe de Deus. Encontramos esse último termo na liturgia a partir do século VI, e na teologia a partir do século VII, com Ildefonso de Toledo. Convém notar que os documentos conciliares usam apenas os termos de conotação fisiológica e concreta referentes ao parto, como Tehotokos, Dei Genitrix e, mais precisamente, Deipara (parene=parir), e não à maternidade em geral. A designação Mater Dei não aparece em concílio senão no Vaticano II, em Lumen Gentium n. 53, como sinônimo de Genitrix Dei Filii, a que pare o Filho de Deus.

Clara Temporelli

[Temporelli, Clara. Maria, mulher de Deus e dos pobres: releitura dos dogmas marianos. (tradução Maria Paula Rodrigues). – São Paulo: Paulus, 2010. – (Coleção Temas marianos), p. 25.]  

A Igreja Católica celebra hoje a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Aproveitando o ensejo, sugerimos aos leitores deste blog o excelente livro de Clara Temporelli, Maria, mulher de Deus e dos pobres: releitura dos dogmas marianos. Nele, a autora propõe uma leitura atualizada dos dogmas marianos, inclusive, deste que é celebrado hoje, sem dúvida, um dos mais controversos.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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