O Decreto Nº 21.402, de 14 de maio de 1932, fixou o dia 3 de maio de 1933 para a realização da Eleição à Assembleia Constituinte e criou uma comissão para elaborar o anteprojeto da nova Constituição da República.

Em 3 de maio de 1933, dia da eleição, 1.466.700 eleitores estavam inscritos nas mais de cinco mil seções eleitorais espalhadas por todo o país. Desses, aproximadamente 84% compareceram às urnas. Pouco mais de mil candidatos disputavam as 214 vagas de deputados constituintes. Em um sistema de partidos regionais, 108 legendas disputavam o pleito, além de centenas de candidatos avulsos. A eles se juntaram 40 representantes de sindicatos de patrões, operários e funcionários públicos, pois as entidades de classe tinham lugar assegurado no Parlamento.

Primeira eleição a se realizar no país após a criação da Justiça Eleitoral, o pleito eleitoral de 3 de maio de 1933 foi um marco para a democracia brasileira. Oswaldo Aranha chegou a comparar o significado histórico daquela eleição à abolição da escravatura. “O escravo foi libertado em 88 e o povo em 33. São as duas maiores datas da nossa formação”, afirmou o então ministro da fazenda ao jornal O Globo. Dentre os avanços trazidos pelo Código Eleitoral de 1932, cabe destacar a adoção do voto secreto e a participação das mulheres.

Na primeira eleição em que o voto feminino foi permitido no Brasil, algumas seções eleitorais foram instaladas exclusivamente para as mulheres. Embora não se tenha o registro de quantas eleitoras compareceram às urnas, o fato é que, dentre os 1.040 candidatos, apenas 19 eram mulheres. Dentre estas, somente Carlota Pereira de Queiroz, candidata em São Paulo, foi eleita. Os cearenses contaram com uma candidata feminina concorrendo à eleição para a Constituinte de 1933, Edite Dinoá da Costa Braga, obtendo 5.997 votos, sendo eleita suplente pelo Partido Social Democrático (PSD).

No Ceará, dos 30.478 eleitores aptos a votar, compareceram às urnas 24.659, que elegeram os dez representantes do estado para a Constituinte, sendo seis pela Liga Eleitoral Católica (LEC) e quatro pelo Partido Social Democrático (PSD).

Ressalte-se, por fim, o trabalho desenvolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará na realização desse primeiro pleito, merecedor dos maiores encômios, inclusive do jornal O Povo, consignados em matéria publicada na edição de 22 de maio de 1933.