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Vasco Arruda

Caro amigo Desconhecido, o Arcano “O Sol”, que nos interessa aqui, é o arcano das crianças banhadas pela luz do Sol. Não se trata de encontrar coisas ocultas, mas de ver as coisas comuns e simples na luz do Sol e com um olhar de criança.
O décimo nono Arcano do Tarô, o arcano da “intuição”, é o da “Ingenuidade” reveladora no ato do conhecimento, ingenuidade que torna o espírito capaz de intensidade, de olhar não perturbado pela dúvida nem pelos escrúpulos que ela gera, e capaz da visão das coisas tais como elas são à luz eternamente nova do Sol. Esse arcano ensina a arte de receber a impressão pura e simples que revela, por si mesma – sem hipóteses e superestruturas intelectuais – o que as coisas são. Tornar a impressão “numinosa” é o objetivo do Arcano “O Sol”, o Arcano da intuição.
Compreendes, assim, caro amigo Desconhecido, que, falando do amor paterno, de seus dois aspectos, da prática da novena e do rosário etc., não nos afastamos do tema do décimo nono Arcano do Tarô, bem ao contrário, uma vez que penetramos justamente em seu coração. Porque esforçamo-nos para passar da “compreensão” do que é a intuição para o seu “exercício”, da meditação sobre o Arcano da intuição para o emprego desse Arcano.
[Meditações sobre os 22 arcanos maiores do Tarô / por um autor que quis manter-se no anonimato; prefácio de Robert Spaeman; apresentação de Hans Urs von Balthasar; (tradução Benôni Lemos). – São Paulo: Paulus, 1989, p. 538. – (Coleção Amor e psique)]

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Vasco Arruda

Impactante! Eu não parecia estar neste mundo. A cena que vivi naquele momento me paralisou. Eu estava em pé diante Dela, imóvel, fitando a mais bela e formosa de todas as mulheres. Não tinha nada a dizer, porque estava fascinado por Ela, pela fita que Ela tinha nas mãos e a mensagem ali revelada. O que significaria aquela fita? Pedi explicações a uma pessoa ao meu lado, que me respondeu: “A fita é a sua vida, que tem nós, e a Virgem Mãe está mostrando que pode desatá-los!”
Denis Bourgerie
[Bourgerie, Suzel e Bourgerie, Denis. A ponderosa Nossa Senhora Desatadora dos Nós. 1ª. ed. – Campinas, SP: Verus, 2011, p. 9.]

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Vasco Arruda

Jorge [Georgious] vem de geos, que quer dizer “terra”, e de orge, “cultivar”, de forma que o nome significa “cultivando a terra”, isto é, sua carne. No seu livro Sobre a Trindade, Agostinho afirma que a boa terra pode estar tanto no alto das montanhas como nas encostas temperadas das colinas ou nas planícies. O primeiro tipo convém ao pasto, o segundo às vinhas, o terceiro aos cereais. De forma semelhante, o beato Jorge foi como a terra temperada devido à descrição do vinho da eterna alegria, foi como a terra plana pela humildade que produz frutos de boas obras. Jorge também pode vir de gerar, “sagrado”, e de gyon, “areia”, significando portanto “areia sagrada”. De fato, da mesma forma que a areia, Jorge foi pesado pela gravidade dos costumes, miúdo por sua humildade, seco pela isenção de volúpia carnal. O nome pode ainda derivar de gerar, “sagrado”, e gyon, “luta”, significando “lutador sagrado” porque lutou contra o dragão e contra o carrasco. Jorge ainda pode resultar de gero, que quer dizer “peregrino”, de gir, “cortado”, e de ys, “conselheiro”, porque foi peregrino em seu desprezo pelo mundo, cortado em seu martírio e conselheiro na prédica do reino de Deus.
Jacopo de Varazze
[de Varazze, Jacopo, Arcebispo de Gênova, ca., 1229-1298. Legenda áurea: vidas de santos. Tradução do latim, apresentação, notas e seleção iconográfica Hilário Franco Júnior. – São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 365.]

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Vasco Arruda

É evidente que o Senhor aceitou e assumiu as paixões naturais com o fim de consolidar a fé em uma encarnação verdadeira e não imaginária. Ao contrário, as paixões que existem em consequência do pecado e corrompem a integridade de nossa vida, ele as repudiou como indignas de sua divindade imaculada. Por isso o apóstolo Paulo escreveu que Cristo nasceu “na semelhança” de uma carne de pecado, e não em uma carne de pecado.
São Basílil, Epist. 261
[Citado em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003, p. 234.]

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Vasco Arruda

Puesto que la devoción singular a la Virgen Madre de Cristo es la señal de los verdadeiros fieles, la contraseña de los soldados de Cristo, atendamos a no ser fríos o tíbios em una devoción tan grata al Señor; pues hombres fervorosos y ardientes quiere Él, que vino a este mundo para encender fuego y no quiere sino que arda (cf. Lc 12,49). ¡Que arda perpetuamente ante Dios em el altar de nuestro corazón este fuego celestial, y seremos dichosos! Porque María nos librará de todo mal y, acogiendo nuestras súplicas com afecto materno, como patrona potentíssima y fidelíssima, protegerá y conservará incólumes a sus devotos, y los enriquecerá colmándolos de celestes tesoros.
San Lorenzo de Brindis
[San Lorenzo de Brindis. Marial: Maria de Nazaret, “Virgen de la Plenitud”. Traducción del latín por Agustín Guzmán Sancho y Bernardino de Armellada; Introducción, notas e revisión por Bernardino de Armellada. Madri, Espanha: Biblioteca de Autores Cristianos, 2004, p. 178.]

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Vasco Arruda

Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada. Aquelas que sabem que a aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente – atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar. Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira de ninguém. A mim, por exemplo, o personagem G.H. foi dando pouco a pouco uma alegria difícil; mas chama-se alegria.
Clarice Lispector
[Lispector, Clarice. A paixão segundo G.H.: romance. – Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p. 5.]

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Vasco Arruda

Acho realmente que a arte nos escolhe, conforme a nossa personalidade. Escolhi a literatura para expressar-me e ela, por sua vez, também me escolheu; das artes, a que menos precisa de plateia, porque encontra seu objetivo quando um leitor a lê. O próprio escritor se insere na narrativa como mais um personagem e é impressionante a capacidade de deslocamento que ele tem para versar sobre outras realidades; muitas vezes, transportando-se para situações, épocas ou lugares que não conheceu de fato e descrevê-los com propriedade. Eu mesma, num de meus livros, vivi a maternidade com uma intensidade tal que me pareceu real, uma experiência que a Providência me negou, mas que a literatura me possibilitou. É a força da palavra literária e a forma como o escritor a usa, que torna esta mágica possível, permitindo que a literatura sobreponha-se à experiência de vida.
Íris Cavalcante, pela boca de Drina, personagem de O Sobrevivente
[Cavalcante, Íris. O Sobrevivente. – Fortaleza: Expressão Gráfica, 2010, p. 43.]

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Vasco Arruda

O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida – porque a Vida manifestou-se: nós a vimos e dela vos damos testemunho e vos anunciamos esta Vida eterna, que estava voltada para o Pai e que nos apareceu – o que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. E isto vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.
Primeira epístola de João, 1,1-4