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Vasco Arruda

Nesta novena, fixemos nosso coração no desejo de caminhar com Maria todo o período de sua gravidez, vivendo com ela suas alegrias, angústias, medos e ansiedade pela chegada de Jesus, que está por nascer.
Acompanhar Maria em sua gestação é sentir-se como ela: grávidos e grávidas da Palavra Eterna, do Verbo, de Jesus. É desejar fazer a experiência profunda de sentir em si os efeitos da presença transformadora de Deus em nosso ser. É poder esperar com amor de mãe o cumprimento da promessa do Altíssimo em nossa vida. É fechar os olhos do egoísmo que tenta nos amordaçar, para viver em função daquele que é a razão da nossa existência.
Acompanhar Maria grávida é ser capaz de viver a esperança como fruto da nossa fé e da nossa caridade. É saber esperar.
Luís Erlin, CMF
[Erlin, Luís. 9 meses com Maria: novena da Anunciação ao nascimento de Jesus. São Paulo: Editora Ave-Maria, 2011, p. 11.]

Vasco Arruda

No templo vivente da divindade – Maria -, Deus habitou não só por natureza, presença, essência, como no mundo; não só por graça, fé, esperança e caridade, como na Igreja; não só pela glória, pela visão e fruição do sumo Bem, como no Céu; mas também de modo corpóreo. Qual deve ser a capacidade do Templo que encerra em si aquele que os céus não podem conter! Nele foi oferecido o grande Sacrifício de valor infinito, como a majestade divina. Nele desce uma abundância de graça e de méritos, superiores ao infinito tesouro da Igreja militante e triunfante e do próprio paraíso. Na Igreja e no paraíso a glória e o mérito são finitos; em Maria, ao contrário, infinitos. Cristo nela encarnado é o Sol da justiça, do qual deriva toda a luz no céu e na terra; é o rio que brota da Fonte perene; Maria é o aqueduto que conduz a água.
São Lourenço de Brindisi
[São Lourenço de Brindisi. As grandezas de Maria. Citado em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003, p. 475.]

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Vasco Arruda

E agora, meu caro bibliófilo aprendiz, de que mais podemos conversar? Já proseamos bastante (talvez demais, na sua opinião) e falta ainda muita coisa que eu gostaria de lhe dizer. Mas, prosa sobre livros não tem fim. Você já deve estar cansado. Quer fechar este livro e ir cuidar da vida. Se cuidar da vida é, para você, ganhar mais dinheiro, digo-lhe que não vale a pena. Ganhar muito dinheiro dá enfarte. Sempre haverá o bastante para comprar-se um livrinho ambicionado. O resto é vão e não vale o sonho imenso de quem gosta de livros raros. Não vive verdadeiramente quem não gosta de dar uma prosa com um amigo ou ler um livro com vagar. Desejo-lhe que tenha sempre tempo para prosear sobre livros. Quando nos encontrarmos de novo, espero que seja você quem me conte coisas sobre livros e me diga os exemplares raros que já possui.
Rubens Borba de Moraes
[Moraes, Rubens Borba de. O bibliófilo aprendiz. – 4ª. ed. – Brasília, DF: Briquet de Lemos/Livros: Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005, p. 205.]

Vasco Arruda

Nada roubemos ao espírito humano; suprimir não é bom. É preciso reformar, transformar. Algumas faculdades do homem são dirigidas para o Desconhecido: o pensamento, o sonho, a oração. O Desconhecido é um oceano. Que é a consciência? É a bússola do Desconhecido. O pensamento, o sonho, a oração são os seus resplendores misteriosos. Respeitemo-los. Para onde se dirigem essas irradiações majestosas da alma? Para a sombra, isto é, para a luz.
Victor Hugo
[Hugo, Victor. Os miseráveis. 3ª. ed., 1ª reimpressão, 2011. – Tradução e notas: Frederico Ozanam Pessoa de Barros; apresentação Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Cosac Naify, 2002, p. 468.]

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Vasco Arruda

“Meu caro amigo alegro-me profundamente em ver-te. Estou contigo, quero falar-te e ouvir-te. Esteja certo de que estou realmente presente. Estou em ti. Fecha os olhos e teus ouvidos a todas as distrações. Retira-te para dentro de ti mesmo, pensa os meus pensamentos, fica a sós comigo.
Não tenhas receio. Eu sou o teu Deus, o teu rei de infinita majestade, de poder infinito. Mas sou também humano, como tu.
Sou o teu Salvador. Estás notando como me dirijo a ti? Chamo-te de meu amigo. Quando falo contigo, não te dou o nome de “criatura”, de “servo”, mas de “amigo”. Sim, e até mais que isso, tu és meu irmão, minha irmã, minha mãe. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu, é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Alegro-me que desejes vigiar um pouco comigo, confiar em mim e permitir-me confiar em ti.
Já pensaste no que te teria dito, se tivesses estado a meu lado como Pedro, João, Maria, Marta e como todos aqueles com os quais estive em contato durante a minha vida terrestre?
Pensas que eles foram especialmente favorecidos porque viveram naquele tempo, porque me viram, porque me ouviram, porque me tocaram?
Sim, eles foram favorecidos. Mas tu também o és. É melhor para ti viver agora do que em qualquer outro tempo da história. Não achas que esta é a minha hora do mesmo modo que há vinte séculos o foi? Vejo-te com a mesma clareza com que os via. Amo-te como os amei. Falo contigo como falava com eles. O que são os teus bons impulsos, senão a minha graça e as instâncias do Espírito Santo?
Mas, talvez, estarás dizendo para ti mesmo: eles vos viram face a face! O que foi que meus discípulos viram? Viram um homem. Um homem que operava milagres, mas apenas um homem. Alguns meses depois eles me conheceram como “aquele que há de vir” – o messias, e como “aquele que é” – Deus. E quando eles chegaram finalmente a me conhecer, não o foi por seus olhos corporais, mas pela fé. E não poderia ter sido de outro modo. Nenhum mortal pode ver a Deus face a face e continuar vivendo neste mundo.
É exatamente como tu me conheces hoje: pela fé. És, portanto, feliz e três vezes feliz. Feliz porque me vês com olhos mais seguros do que os olhos de tua natureza humana: com os olhos da fé.”
Clarence J. Enzler
[Enzler, Clarence J. Cristo minha vida. 33ª ed. – São Paulo: Paulinas, 2000, p. 9.]

Vasco Arruda

Jesus parece distanciar de si a sua Mãe porque quer mostrar como se realiza a verdadeira intimidade com Ele: “fazendo a vontade de Deus”. E Maria durante toda a vida, desde o dia em que aceitou ser a mãe de Cristo até à cruz no Calvário, foi o sinal da adesão à vontade de Deus. Foi sempre a “pobre em espírito e a pura de coração” que constantemente se entregou ao seu Filho e Senhor com alma de criança inteiramente voltada para o Pai (cf. Mt 18,13). O escritor francês, G. Bernanos, no seu romance Diário de um Pároco de província, falava assim de Maria: “O olhar da Virgem é o único olhar verdadeiramente ´infantil´, o único verdadeiro olhar de criança que alguma vez se tenha levantado acima da nossa vergonha e acima da nossa infelicidade”. Reencontrar esta “infância” do espírito, redescobrir a pureza da fé operante é concretizar a declaração de Jesus, é estar na esteira de sua Mãe, é tornar-se para Ele irmão e irmã.
Maria é o símbolo da verdadeira parentela com Jesus, não tanto segundo a carne mas na plenitude da intimidade. Para usar uma imagem de Cristo, é tornar-se “semente caída em terra boa: tendo ouvido a Palavra de Deus com um coração bom e virtuoso, conservam-na e dão fruto com a sua perseverança” (Lc 8,15). O cristão há-de ter um coração como o de Maria que “observa a Palavra de Deus” e “faz a sua vontade”. É assim, segundo a expressão de Jesus, que nos tornaremos também nós de algum modo, “irmão, irmã e mãe” de Cristo.
[Ravasi, Gianfranco. Os rostos de Maria na Bíblia: trinta e um “ícones” bíblicos. Tradução de Maria Pereira – TRADUVÁRIUS, Lisboa: Paulus Editora, 2008, p. 253]