O que vocês acham que aconteceria se uma modelo na São Paulo Fashion Week  (SPFW) desfilasse com algum casaco de pelagens de castores, chinchillas, arminhos, esquilos ou de outros animais quaisquer? Bem provável que as Ongs e movimentos em defesa dos animais de plantão se manifestariam, protestariam, etc.

Mais o que você diria se soubesse que modelos desfilam nas passarelas das semanas de moda, inclusive no Brasil, em condições de magreza severa. Os dados são da Folha de São Paulo que calculou o índice de magreza de algumas modelos que aos 18 anos apresentam massa corporal igual a de uma menina de 9 anos.

A hipocrisia nesse meio é grande. Estilistas e agências saem em sua própria defesa e jogam a culpa um no outro. O primeiro diz que as agências só querem as magérrimas e o segundo afirma que os estilistas preferem as esqueléticas. Com o circo montado há meninas, segundo a Folha de São Paulo que caminham com dificuldade quando precisam usar sapatos pesados das coleções.

A moda dos cabides humanos para desfilar as peças das coleções vem da Europa e as modelos que perfazem esse circuito necessariamente se enquadram ao perfil sob pena de perderem a vaga. A tendência é uma verdadeira ditadura, cruel e desumana. Vale lembrar que estas modelos são jovens e seus corpos ainda estão em desenvolvimento.

A pressão para manter a condição subnutrida junto a das agências, estilistas, famílias e o próprio desejo de fama podem desembocar em doenças psicológicas. Depressão e anorexia se apresentam como o caminho consequente de quem se encontra nesse estado.

A situação nos coloca diante de mais uma contradição da convivência humana onde se é capaz de  movimentar em defesa dos animais, protegê-los enquanto quem é mais importante, o ser humano, fica a mercê da ditadura impiedosa da moda nas passarelas.

Luciana Obniski, editora de estilo da revista Época, São Paulo falou ao ANCORADOURO sobre o assunto, confira:

Não sei se há uma contradição em dizer não às peles e querer que as modelos sejam esquálidas… sei que é bastante prejudicial que o ideal de beleza seja esse. É realmente preocupante porque as meninas não estão com uma aparência saudável. E não só digo isso por causa do peso, mas do viço na pele, de estarem felizes mesmo, sabe?
Elas parecem cansadas o tempo todo (e devem estar, porque trabalham 15 horas por dia, comem muito pouco e tomam muito café).  As modelos new face, mais novas, aceitam o que o agente ou o cliente pedir porque, na maior parte das vezes, recebem um “adiantamento” da agência e têm que trabalhar para pagar isso de volta, antes de começarem a ganhar dinheiro. Enfim, elas acabam se submetendo aos padrões impostos porque querem crescer na indústria.
Na verdade, é difícil saber onde está o gargalo. Alguns estilistas exigem meninas muito magras, mas alguns bookers também pressionam as meninas a perder peso. é a história do ovo e da galinha…
Eu acho que o real problema é que algumas meninas são e serão magras para sempre, porque faz parte da constituição física delas (e mesmo essas poderiam estar mais saudáveis), mas algumas meninas, não. E essas meninas quase sempre desenvolvem um distúrbio alimentar para manterem o peso e podem acabar até morrendo de anorexia ou bulimia (como aconteceu há dois anos) por causa disso. 
Boa parte das modelos moram longe da família, não há alguém realmente preocupado com o bem estar delas que as acompanhe todo dia. as agências alegam que disponibilizam psicólogas e pessoas que cuidem das meninas mas, ao mesmo tempo, cobram que elas estejam magras.
 
Realidade Local
 Para Eveline Duarte, credenciada da Elite Models no Ceará a realidade aqui é tranquila.  “As modelos mantém um contato bem próximo da família e isso ajuda bastante”, disse. Ainda informou que a agência oferece o serviço de profissionais como nutricionistas, dermatologistas, psicólogos em palestras que orientam as modelos.
A booker afirma que nas semanas de moda a magreza das modelos fica mais evidente devido a proporção do evento. É de acordo que existe os exageros cometidos por algumas meninas, mas reitera que isso não é a realidade geral. Sobre as exigências dos estilistas foi categórica ao afirmar que eles sempre querem as magras. “Em eventos como o SPFW o padrão é internacional”,  frisou Eveline.
 

 

 

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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