A cada início de ano é comum multiplicarem-se as simpatias e agouros que prometem um ano bom à base da magia e da superstição. O homem considerado pós-moderno retorna ao tempo das crendices, fase julgada superado por tantos sociólogos.

Cartomantes, mães de santos, quiromantes, numerólogos e demais esotéricos são figuras batidas na cobertura de Virada e começo de ano. Existe um sortilégio pra tudo, para se dá bem no amor, se arranjar profissionalmente. Cor e números, entes intangíveis também não faltam nas diretivas dos magos modernos.

As crenças nas profecias ocultistas extrapolam o senso comum e chegam à esfera pública. No Rio de Janeiro, por exemplo, a prefeitura renovou o convênio com a Fundação Cobra Coral, uma organização que prevê as condições climáticas a partir das orientações de um espírito, o cacique Cobra Coral.

Mas será mesmo que “lentilhas e pulinhos” garantem uma boa sorte? Tal subterfúgio apenas não revela uma oposição ao pensamento racional e à fé tradicional? Fitas, roupas e outras simpatias ofuscam o lugar que se deveria dar a incentivos a um planejamento concreto, seja de vida ou  orçamentário.

A cultura supersticiosa faz o homem regredir, o faz abrir mão da responsabilidade que lhe é própria. Deixa de ser o regente da própria existência como se quem o conduzisse fosse algum astro ou energia universal.

Um futuro melhor se constrói com força de trabalho, iniciativa, planejamento e uma fé madura e consciente. Ademais, as práticas mágicas deste tempo se perdem nas ondas do mar; tal como a fumaça, se esvaem aos primeiros ventos das adversidades.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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