A cada início de ano é comum multiplicarem-se as simpatias e agouros que prometem um ano bom à base da magia e da superstição. O homem considerado pós-moderno retorna ao tempo das crendices, fase julgada superado por tantos sociólogos.
Cartomantes, mães de santos, quiromantes, numerólogos e demais esotéricos são figuras batidas na cobertura de Virada e começo de ano. Existe um sortilégio pra tudo, para se dá bem no amor, se arranjar profissionalmente. Cor e números, entes intangíveis também não faltam nas diretivas dos magos modernos.
As crenças nas profecias ocultistas extrapolam o senso comum e chegam à esfera pública. No Rio de Janeiro, por exemplo, a prefeitura renovou o convênio com a Fundação Cobra Coral, uma organização que prevê as condições climáticas a partir das orientações de um espírito, o cacique Cobra Coral.
Mas será mesmo que “lentilhas e pulinhos” garantem uma boa sorte? Tal subterfúgio apenas não revela uma oposição ao pensamento racional e à fé tradicional? Fitas, roupas e outras simpatias ofuscam o lugar que se deveria dar a incentivos a um planejamento concreto, seja de vida ou orçamentário.
A cultura supersticiosa faz o homem regredir, o faz abrir mão da responsabilidade que lhe é própria. Deixa de ser o regente da própria existência como se quem o conduzisse fosse algum astro ou energia universal.
Um futuro melhor se constrói com força de trabalho, iniciativa, planejamento e uma fé madura e consciente. Ademais, as práticas mágicas deste tempo se perdem nas ondas do mar; tal como a fumaça, se esvaem aos primeiros ventos das adversidades.
O mesmo ocorre com as próprias tradições católicas sobre o Natal e o Ano Novo, sendo que para outras tradições e culturas o cristianismo é tão sobrenatural quanto os rituais apresentados… O que é “certo” em determinada cultura é completamente “supersticioso” em outra; as próprias práticas cristãs, por exemplo a transubstanciação, podem ser considerados puramente como rituais metafóricos, sobretudo para quem não é cristão.
Outro fato interessante é a própria incapacidade das igrejas cristãs em conscientizar seus fiéis quanto a suas próprias práticas, afinal, aqueles que pulam ondas, guardam sementes de uvas e romãs são em sua maioria “cristãos”…
Boa tarde sr. Lauro,
seu comentário deixa transparecer que o sr. é adepto do relativismo. Só assim é possível compreender que alguém coloque a tradição católica em pé de igualdade os atos supersticiosos de que fala o post. No entanto, contra o relativismo se impõe mais de 2000 anos de verdade cristã!
Por navegar no mar de erros do relativismo o sr. não percebe mas entra em grande dificuldade ao culpar as igrejas cristãs de serem incapazes de conscientizar seus seguidores. Pergunto eu: se a alguém é ensinada a teoria da Relatividade Geral e este alguém não compreende a culpa é exclusivamente de quem ensinou? É da teoria? É do próprio Einstein? E se alguém ler a obra de Marx e se coloca em posição absolutamente contrária ao comunismo marxista foi por culpa do marxismo? Foi culpa de Marx?
Não são as igrejas as culpadas, mas nós mesmos que aprendemos mas muitas vezes optamos por fazer o contrpario do que nos foi ensinado…