O demérito coletivo do Ceará no Castelão (por isso sequer farei análises individuais dos atletas que entraram em campo nesta terça-feira), incluindo as escolhas do técnico Givanildo Oliveira, na derrota de virada para o Santa Cruz por 3 a 1 tem um outro lado que precisa ser destacado logo de cara: o mérito do trabalho do técnico interino do time pernambucano. Adriano Teixeira não podia trocar os 11 jogadores que tiveram atuação pavorosa no primeiro tempo e, na conversa e na tática, conseguiu envolver o Ceará na segunda etapa construindo uma vitória incontestável  que, para o torcedor alvinegro, terminou com vaias e a corneta em tom máximo.

A equipe mandante começou a partida no seu ritmo. Apesar da já comum falta de velocidade e de um jogo acelerado, o time tocava a bola com paciência e diante de um adversário que apenas se defendia, criou boas e claras oportunidades e dominou o encontro para além do tento marcado por Pedro Ken, depois de cobrança de escanteio. Tudo caminhava bem para o Ceará entrar no G4 e consolidar boa campanha no início da Série B.

Na segunda etapa, entretanto, o Ceará viveu o caos absoluto. Logo nos primeiros segundos, o Santa já voltou com outra postura tática com laterais e meio-campistas jogando adiantados e com mair coragem, buscando o gol. Assim, durante pelo menos 15 minutos o Ceará teve oportunidade de ampliar o placar nos contra-ataques, mas não o fez por incompetência de trocar passes perto da área com jogadores a mais ou por erros de finalização. O golaço de Leo Lima, aquele, que empatou a partida, foi então a senha para que o tricolor dominasse completamente as ações, fazendo mais dois gols, com Bruno Paulo e Ricardo Bueno (em impedimento, mas daqueles complicadíssimos para o auxiliar).

Sem reação diante de um adversário que era melhor, mais ágil, jogava em profundidade e com concentração, os jogadores do Ceará erravam posicionamento defensivo e não conseguiam evitar tabelas, ultrapassagens e finalizações. Também pouco criavam. As substituições de Givanildo também pouco resolveram, mas o mais grave foi a falta de leitura do técnico que não conseguiu mudar a postura tática do seu time para controlar o adversário ou ao menos equilibrar a partida.

Em relação ao posicionamento na tabela, a derrota em casa custou ao Ceará entrar no G4. O time então caiu do sexto para o oitavo lugar após sete rodadas. Saiu de campo com 27 finalizações contra 11 do Santa Cruz. Prova que os números não mentem, mas precisam ser interpretados em um jogo de futebol levando em conta eficiência e atuação geral. O Santa, que colecionava duas vitórias seguidas, entrou no G4, na quarta colocação, com 12 pontos.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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