O que há em comum entre as 3 pessoas na imagem abaixo?
Resposta: Trata-se de três crianças, do sexo feminino, com idade abaixo de 10 anos. E todas trabalhadoras.
A pergunta agora é outra: O que existe de diferente entre o trabalho das 3 crianças?
Bem, o trabalho das duas primeiras crianças (da esquerda para a direita) é recharçado pela sociedade enquanto a atividade desenvolvida pela pequena, primeira do lado direito, é aplaudido pela mesma sociedade que julga imprório o serviço das duas primeiras.
Assim escreveu Márcia Regina Viotto, socióloga, assessora da CTB, membro do Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do trabalho infantil-segmento dos trabalhadores e membro do Instituto Brasil Melhor, “A Constituição Federal é clara: é proibido o trabalho aos menores de 16 anos, exceto como aprendizes a partir dos 14 anos. Ao contrário do que acontece com os trabalhadores e trabalhadoras infantis nas lavouras, nas ruas, nos fundos de quintal, o trabalho de crianças na TV ganha os aplausos da sociedade, que acha lindo aquele ser pequenino interpretar papéis que as tornam estrelas e rendem muito dinheiro a sua familia”.
No caso da atriz mirim, de apenas 8 anos, existe um agravante, ela interpreta papel de vilã no folhetim. “No caso da atual novela da Globo, a pequena atriz representa uma personagem feminina, tomada pelo mal, ameaçadora, chantagista, potencial psicopata, o que nos faz refletir como os meios de comunicação continuam a reafirmar e reproduzir a visão preconceituosa e discriminadora sobre o sexo feminino até mesmo através de uma criança, em horário nobre, onde milhares de crianças e adultos assistem a tal situação com naturalidade”, descreve a socióloga.
O ministério público notificou o autor da novela sobre a possibilidade de vetar a participação da criança na novela de maior audiência da emissora carioca. O Ministério Público não proibiu a participação da criança e o resultado é o que vemos,uma menina atuando no papel de vilã, como classifica manchete da Revista Quem, semanário da editora Globo, ” Klara Castanho, a vilã mirim de “Viver a Vida”, é elogiada por Manoel Carlos”, diz a chamada.
Nesse ano aconteceu outro caso lamentável relacionado a exposição de crianças indevidamente. Uma menina desfilou como madrinha de uma escola de samba no carnaval carioca. O posto é ocupado por atrizes e modelos e possui uma forte conotação sexual. Na época a assessoria de imprensa da escola de samba declarou ao ANCORADOURO que a maldade estava na cabeça dos adultos. Com estas desculpas rasas negligenciamos a educação de nossas crianças e ficamos a pensar o que será de nosso país, se desde cedo, não preservam seus melhores frutos.