A participação de crianças na mídia e em algumas atividades é uma questão delicada e desperta diversas reflexões. Em tempos recentes a menina Maísa, do cast do Sistema Brasileiro de Televisão, SBT,  teve sua participação vetada no programa Silvio Santos, despois de uma exibição na qual a menina apavorou-se com um  menino com o rosto pintado. A garota chorou inconsolável e o apresentador continuou a brincadeira sem graça.

No carnaval deste aconteceu outro caso lamentável relacionado a exposição de crianças indevidamente. Uma menina desfilou como madrinha de uma escola de samba carioca. O posto é ocupado por atrizes e modelos e possui uma forte conotação sexual. Na época a assessoria de imprensa da escola de samba declarou ao ANCORADOURO que a maldade estava na cabeça dos adultos.  As  desculpas rasas não justificaram a exposição da criança.

Na novela Viver a Vida(2010) da Rede Globo de televisão uma criança de oito anos interpretou a personagem de uma vilã. O Ministério Público notificou o autor da novela, mas a presença da menina no folhetin não foi vetada. Estudiodos, na época, analisaram que é um risco colocar crianças para interpretar este tipo de papel.

Semana passada assiti a apresentação de uma criança de dois anos no programa de auditório Domingo Legal do SBT. O pequeno Antonio (nome fictício) ganhou fama após ter seus vídeos de dança postados no Youtube.  No palco do programa dominical o objetivo seria o de a criança repetir a façanha dos vídeos, coisa que não fez por timidez.

Curioso, fui pesquisar os vídeos da criança na internet e tive um acesso de indignação contra os pais do garoto. Como eles tiveram a coragem de expor o próprio filho às danças de apelo sexual? O menino requebra ao som de rebolation mexendo os quadris, ora, descendo até embaixo, ora, girando, imitando perfeitamente os passos sensuais da coreografia. O cenário ao fundo de algumas gravações são diversas garrafas de bebidas.

“Vídeos como esses caem na graça do povo , a criança se torna um objeto de apreciação e isso pode configurar um caso de constrangimento à criança”, disse ao ANCORADOURO, Talita Maciel, da assessoria jurídica do Centro de Defesa da Criança e do aolescente, CEDECA.

Mas pelo vi nada de muito concreto pode ser feito nestes casos. Maísa voltou para TV, a menina de sete anos desfilou como madrinha de bateria de uma escola de samba, uma  outra interpretou uma vilã na novela das “oito” e o vídeo do pequeno Antonio, que é de Fortaleza, está disponível na internet recebendo milhares de acessos, sabe Deus por quem e os pais, muito provavelmente, ao pé do telefone a espera de mais algum convite para exibição em televisão e faturamento de cachê. Como se diz no twitter #prontofalei.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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