Por culpa do poder público ou por força incontrolável da natureza as tragédias sempre estiveram presentes na história humama e bem provável permaneçam sobretudo pela ineficiência de quem é chamado a resguardar o equilíbrio entre o prograsso e a natureza.

Mas pior do que a tragédia natural, chamemos assim, é a tragédia moral. As trombas dágua do Rio de Janeiro trouxeram lama às casas e revelou a podridão de muitas pessoas. É hedionda a prática de alguns comerciantes da região serrana carioca de elevar  o preço de produtos básicos àqueles sobreviventes flagelados como a água.

Outras notícias dão conta do desvio de alimentos e recursos destinados a amenizar o sofrimento dos sobreviventes das tragédias. Mais uma vez a pecha odiosa da corrupção torna-se sinônimo do comportamento do brasileiro.

Enquanto algumas pessoas perderam seus bens materiais e entes amados, outras deixaram ir com as águas o escrúpulo, a vergonha e a bondade. A limpidez da bondade, contudo, emerge na lama moral dos virulentos que se aproveitam de situação deplorável como a ocorrida na Cidade maravilhosa.

Ver o testemunho de milhares de voluntários que mesmos conscientes de pagarem os impostos mais altos do mundo e cumprirem uma árdua jornada de trabalho é um estímulo ao mesmo tempo que consolo. Como na escuridão das casas de Petrópolis e Nova Friburgo acendem uma pequena chama, qual da vela, ensinando para esta geração que o ‘ser’ é preeminente ao ‘ter’.

Que a lembrança dos jovens salvando a senhora com uma corda das ruínas de sua antiga casa ou da mãe machucada ao salvar as filhas permaneçam em nossa lembrança sobrepondo-se ao escândalo de homens embargados pela lei por surrupiar ajuda humanitária.  

Que as águas do Rio de Janeiro levem consigo a maldade que impede de fazer o bem e, altaneira se levante como torre de esperança, a solidariedade.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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