A mensagem do apresentador Luciano Huck (TV Globo) publicada no dia 10 de julho, no Twitter, ainda repercute no meio religioso. Ao se dirigir  ao novo ministro da educação Milton Ribeiro, pastor da Igreja Presbiteriana, Huck pediu que ele deixasse “suas crenças e ideologias em casa”.

“Princípios de fé não são vestimentas das quais nos despimos, conforme a conveniência, para irmos a determinados lugares; muito pelo contrário, é algo que estará sempre conosco onde quer que estejamos. Qualquer coisa diferente disso é hipocrisia”, argumenta o Pastor Janio Clever, da Igreja Bíblica de Morrinhos, sobre o episódio. O pastor ressalva que, obviamente, o novo ministro não irá aplicar todos esses princípios na condução da pasta sob sua responsabilidade. “Naturalmente servirão como referenciais para a forma como irá gerir aquele ministério. Sugerir que ele ‘os deixe em casa’, só revela a profunda ignorância do astro global em se tratando de fé cristã”, conclui.

Apresentador global pediu a novo que ministro que deixe suas crenças em casa.

Quem também comentou o recado de Huck ao novo ministro, a pedido do Ancoradouro, foi Pastor Glauco Barreira Magalhães Filho, da Igreja Batista e professor associado da Universidade Federal do Ceará. Em sua fala, o reverendo evidencia  o desconhecimento de Luciano Huck  acerca da  influência cristã na história da educação. “Notadamente, o pedido do apresentador se refere às crenças cristãs do ministro. Acontece que o cristianismo tem duas faces. Primeiramente, trata-se de um compromisso pessoal com Jesus Cristo, algo que, com certeza, não deve ser imposto. Sob outro aspecto, porém, é uma visão de mundo, o que inclui uma antropologia que repercute pedagogicamente. Isso é tão verdadeiro que foi sob a influência dessa mesma cosmovisão cristã que nasceram as grandes universidades, tanto as da Europa como as das Américas”.

“Nenhum modelo educacional pode deixar de pressupor uma concepção de homem, seja ela materialista ou espiritualista. Também haverá sempre uma ética a nortear a educação, pois, de outro modo, não se teria um padrão para falar em “progresso”, como menciona o apresentador. A filosofia cristã mostrou toda a sua riqueza na patrística, na escolástica e na Reforma. Ela deu coroamento ao pensamento greco-clássico e o preservou. Não há vantagem deixá-la em casa, perdendo dois mil anos de história. Isso, sim, seria um desperdício cultural semelhante à queima de livros do período nazista”, finaliza.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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