Depois do grandioso sucesso da primeira temporada, a série Stranger Things assumiu o carro chefe do arsenal de programação da Netflix, sendo uma de suas maiores sensações. A espera pela segunda temporada movimentou a internet durante meses, tendo construído uma base de fãs forte e voraz por qualquer novidade relacionada a série. Enfim, é chegado o dia de sua tão aguardada segunda temporada.

Um ano após os acontecimentos da segunda temporada, Will (Noah Schnapp), Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) aparentemente tentam levar suas vidas dentro da normalidade, porém, há marcas deixadas pelo mundo invertido que são impossíveis de ignorar. Enquanto Will parece finalmente entender que escapar com vida dos acontecimentos passados teve o seu preço, a chegada de novos moradores a Hawkins movimenta a cidade – ou senão seus ânimos pré-adolescentes.

A introspectiva e enérgica Max (Sadie Sink) logo desperta o interesse de Lucas e Dustin, que logo começam a competir pela sua atenção, mas a turma dos garotos descobre que seu irmão Billy, vivido pelo ator Dacre Montgomery não vai deixar essa atenção passar batida.

A segunda parte da aventura ambientada no clima máximo dos anos 80 buscou ao máximo resgatar as fórmulas que deram certo na primeira temporada e buscou desenvolver ainda mais a relação complexa de alguns personagens, e trouxe, claro, outras surpresas que deram um tempero a mais na trama. Seu maior mérito, no entanto, dá-se justamente por essa sensação de reconhecimento de que não há a obrigação de obter a grandeza a qualquer custo, e apresentar os realismos de monstros muito mais palpáveis, como os sentimentos de perda, rejeição e amadurecimento.

(Contém Spoilers a partir daqui)

Passado um ano após sua primeira aparição em Hawkins, descobrimos mais sobre a protagonista Eleven (Millie Bobby Brown). A misteriosa protagonista com poderes telecinéticos é acolhida inicialmente pelo Xerife Hopper (David Harbour), porém, rompendo momentaneamente essa convivência dos dois, parte em uma jornada para descobrir mais detalhes sobre a sua origem. Porém, sente-se fragilizada por não poder retornar ao convívio do grupo, principalmente para junto de Mike, em quem sua ausência é sentida mais profundamente.

Paralelamente ao desenvolvimento do núcleo de Eleven, temos as atenções voltadas para o sofrimento constante de Will, que sofre as consequências misteriosas do mundo invertido. Apesar de querer demonstrar que não é tão frágil quanto parece, suas constantes visões sobre uma criatura monstruosa feita de sombras que o aterroriza trazem à tona todos os demônios – no caso, democães – de volta a nosso mundo.

Os episódios ganham intensidade progressivamente em termos de ação e densidade no passar da temporada, porém, esse anseio para mostrar o que está se passando em ambos os núcleos da série comete alguns deslizes e em determinados momentos deixa o entendimento meio caótico do que está acontecendo.

Um destaque está realmente no desenvolvimento e aprofundamento dos personagens, e os que acabam servindo como uma espécie de “escada” para o crescimento em cena, porém são promissores de ser explorados na terceira temporada da série, ainda sem data de estreia.

Juntando um punhado de referências a obras do terror e do suspense, como no caso de Stephen King, a série apresenta ótimos momentos que merecem destaque. Seja por seus protagonistas carismáticos e pelo excelente timing até de personagens secundários. A maior polêmica talvez fique por conta de um episódio – que não convém explicitar – que destoa dos demais, mas que insere possíveis ganchos e geram a expectativa de serem aprofundados também posteriormente.

Apesar dos deslizes, essa segunda temporada merece o mérito de conquistar o público que preza pelo divertimento, pelo carisma e pela identificação com seus personagens. Uma fórmula simples que deu certo e consegue justamente segurar o público que goste dessa falta de pretensão e sustos de primeira.

Todos os episódios estão disponíveis na Netflix.


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Catherine Santos

27 anos, Jornalista, apaixonou-se pela magia do cinema aos 7 anos. Filmes são pedaços da vida dos outros que você colhe para montar a sua própria vida.

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