Pois foi apostando no produtor musical que Mart’nália botou nas lojas seu 10º trabalho (incluindo os três ao vivo). Em busca de um som mais pop e menos samba, ela perseguiu o alagoano Djavan até convencê-lo a assumir a produção de Não tente compreender. Apesar do recado direto do título, tudo está explicado na primeira página do encarte: “mudei de poesia e fui pro pop, sem cuíca, pandeiro e tamborim”. Simples.
Embora não tenha lá um currículo como produtor (além dos próprios discos), Djavan tem uma personalidade muito bem impressa na carreira. E é isso que ele divide com Mart’nália. Namora comigo (Moska), o destaque do disco, coloca a batida e a voz características do alagoano para abrir os trabalhos, como quem diz: agora é comigo. Reforçando outra característica do compositor de Oceano, todas as 14 faixas de Não tente compreender tem cara de trilha de novela.
Caetano Veloso, que deu a Mart’nália a obra-prima Pé do meu samba, agora comparece com a bossa Demorou. E, pela primeira vez na voz da (ex?) sambista, Nando Reis assina o rock Zero muito. Não precisa nem de um minuto para saber que a música é do ex-titã (“você não curte o que eu curto, o mesmo sexo, outro prazer”). No entanto, a música mais “Djavan” de Não precisa compreender é Os sinais (Junior Almeida), que parece pegar o fio da meada de Acelerou.