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Existe uma lista seleta de personalidades que ganharam o apelido de “quinto beatle”. Brian Epstein (1934 – 1967), empresário que guiou os primeiros passos da banda, é um deles. O baixista Stuart Sutcliffe (1940 – 1962) e o baterista Pete Best também já foram tratados assim. Em menor proporção, o tecladista Billy Preston (1946 – 2006) também já foi tratado assim. No entanto, nenhum nome merece tanto esse ilustre apelido quanto o maestro e produtor George Martin.

De formação erudita, o maestro e produtor londrino tinha pouca (ou nenhuma) intimidade com a música pop, mas se encantou com o estilo do quarteto de Liverpool e aceitou unir forças. Assim nasceu uma parceria que mudou a história da música popular no mundo de uma forma irreversível. Não por acaso, veio do ex-beatle Ringo Starr a notícia do falecimento de George Martin, aos 90 anos, nesta quarta-feira. “Que Deus abençoe George Martin, paz e amor para Judy e sua família”, disse o baterista pelo Twitter.

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“Tenho memórias maravilhosas deste grande homem que sempre estará comigo. Foi um verdadeiro cavalheiro”, escreveu Paul McCartney, chamando o maestro de seu segundo pai. “Ele guiou a carreira dos Beatles com tal habilidade e humor que se tornou um verdadeiro amigo para mim e para minha família”, completou o ex-beatle. Filho de John, Sean Lennon também se manifestou, através de sua conta no Instagram. “Descanse em paz, George Martin. Estou tão chateado que não tenho palavras”. E o primeiro-ministro britânico David Cameron disse via Twitter “Sir George Martin era um gigante da música. Junto aos Fab Four criou a música pop mais duradoura do mundo”.

George Henry Martin nasceu em Londres, no dia 3 de janeiro de 1926. Filho de um carpinteiro com uma faxineira, ele passou a se interessar por música ainda pequeno, depois de assistir uma apresentação da London Symphony Orchestra  Na escola. Aos seis anos, sua família comprou um piano e ele chegou a ter algumas aulas. Já adulto, depois de uma breve passagem no serviço militar durante a Segunda Guerra, entrou para a Guildhall School of Music and Drama, onde se dedicou aos estudos do piano e do oboé.

Depois de trabalhar no setor de música clássica da BBC, o fã de Maurice Ravel e Sergei Rachmaninoff conheceu um iniciante quarteto roqueiro em 1962, através de uma fita apresentada pelo empresário Brian Epstein. Inicialmente, ele percebeu as limitações musicais dos garotos, mas se empolgou com os vocais de Paul e John, e com a energia que eles traziam. Assim, nasceu a parceria com os Beatles que rendeu 12 dos 13 discos oficiais da banda. Apenas Let It Be, último álbum da banda, não levou sua assinatura.

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Mais do que produtor, George foi um parceiro dos Beatles. É dele, por exemplo, o piano de In My Life. Sua experiência erudita combinada com ímpeto roqueiro do quarteto foi fundamental para elastecer os limites da banda e, consequentemente, da música pop como um todo. Combinando guitarras com orquestras, os cinco criaram obras seminais como o grandiloquente Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e o básico Please, Please me. Independente do tamanho da produção, os cinco encontravam formas de criar sobre ideias cada vez mais inovadoras. Quando alguém da banda pedia um “som amarelo”, era Martin que tinha que traduzir e encontrar esse som.

Com o fim dos Beatles, Martin seguiu como um dos mais respeitados produtores do mundo. Em 1970, ele fundou o estúdio Air, em Montserrat, no Caribe, onde foram gravados álbuns como Brothers in Arms (Dires Straits) e Ghost in The Machine (The Police). O estúdio fechou em 1989, por conta dos danos sofridos com a passagem do furacão Hugo. George Martin também trabalhou com gente como Elton John, Bob Dylan, Jeff Beck, além de Paul McCartney e Ringo Starr em suas carreira solo. Martin teve dois filhos, Alexis e Gregory, com sua primeira mulher, Sheena Chisolm, e mais dois filhos, Lucie e Giles, com sua segunda mulher, Judy Lockhart-Smith.

Produções marcantes de George Martin:
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967)

Sgt-Pepper

O oitavo álbum dos Beatles fez e faz história pelo experimentalismo que influenciou centenas de artistas pelo mundo.

Sentimental Journey (1970)

sentimental journey

Primeiro disco solo de Ringo Starr, lançado no ano que os Beatles se despediram. O álbum traz regravações para standards como Stardust e Night and Day.

Blow By Blow (1975)

blow in blow

Sétimo álbum de Jeff Beck e o primeiro assinado só com seu nome. O disco chegou ao quarto lugar da Billboard e traz a regravação de She’s a woman, de Lennon e McCartney.

Marrakesh Express (1969)

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Do rock para o jazz em sua melhor performance, essa parceria de Martin com Stan Getz vem depois do inesquecível mergulho do saxofonista na história da Bossa Nova. Aqui o repertório traz Joni Mtchell, Burt Bacharach e Grahan Nash.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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