A tecnologia tem sido uma importante aliada na quarentena, ela preenche o vazio da escola e traz um novo olhar pra educação

 

As escolas foram as primeiras instituições a serem afetadas com a crise do coronavírus. Foi necessário, portanto, reinventar a educação. Um modelo de Educação a Distância (EaD) despontou como uma  opção para manter os alunos estudando. Certamente, de forma bem diferente do que se encontra em instituições que assumem a tecnologia como parte do seu currículo.

Por causa do coronavírus, o momento é de tensão, mas também de oportunidade, segundo especialistas. Ivete Palange, conselheira na Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), reforça que “os esforços neste período de crise nos modificarão para repensarmos o processo educacional. Esta crise acelerou o processo de discussão mais realista sobre a educação a distância”.

aluna do Colégio Poliedro

Sistema Poliedro (SP) disponibiliza mais de 2 mil vídeos para alunos da rede

A educação mediada por tecnologia apresenta características que diferem da educação tradicional, por isso esse período de ressignificação do processo de ensino-aprendizagem exige que o educador identifique as dificuldades dos alunos, interaja com eles, oriente-os individualmente e crie estratégias de interação no espaço virtual com os alunos da mesma turma, como utilizar os chats e fóruns.

Para isso, não basta ler e responder questões, é fundamental que os alunos se sintam desafiados, realizem atividades e participem de atividades em grupo. E mais importante: a informação é a construção do conhecimento, a atribuição de significado às informações”, comenta Ivete.

Nova realidade

Diversos colégios estão usando plataformas on-line gratuitas para comunicação com seus alunos que permitem a visualização de aulas gravadas e ao vivo, o envio de tarefas, o compartilhamento de arquivos, chats, entre outros recursos. Há também empresas do ramo que disponibilizam conteúdo gratuito para estudantes em geral.

Uma dessas escolas que passou a reinventar a educação é o Colégio Albert Sabin, de São Paulo, que começou a trabalhar dessa forma ainda em 18 de março. Para a diretora pedagógica Giselle Magnossão, o momento é de cuidado e precaução, e isso demanda adaptações, inclusive no formato do trabalho pedagógico. “Nossos alunos já têm experiência com o uso desse ambiente colaborativo. Isso facilita o uso dessa plataforma, que permite compartilhar conteúdos e realizar atividades que favorecem a continuidade do processo de aprendizagem”, comenta.

Outro exemplo, também em São Paulo, é o Colégio Poliedro, que desenvolveu diversas ações pensadas especialmente para quem está prestando vestibular.

“Estamos organizando um curso completo on-line com videoaulas, atividades complementares, simulados, atendimento de redação, orientação pedagógica, plantão de dúvidas e outras ferramentas e serviços”, explica Andrea Godinho, coordenadora do Ensino Médio do Colégio.

A intenção, acima de tudo, é fazer com que o aluno tenha uma rotina mais próxima possível da que ele teria se estivesse frequentando a escola para que não se sinta prejudicado em sua preparação para o Enem e outros vestibulares.

Análise: EaD hoje e no futuro

aluna Beatriz Martins, 6° ano do Ensino Fundamental II, do Colégio Albert Sabin

Estudantes do Albert Sabin (SP) recebem conteúdos por meio de plataformas de comunicação.

“Acredito que realmente não seremos os mesmos depois desta crise”, é o que pensa a psicóloga Ivete Palange. A quarentena causada pela crise do coronavírus obrigou escolas a usarem a modalidade a distância para suprir a ausência no ambiente escolar físico. Especialistas, educadores e gestores reforçam que o que se vê hoje não caracteriza Educação a Distância (EaD) em sua essência, algo já comum no Ensino Superior, que já pode oferecer a modalidade em até 40% da carga horária dos cursos de graduação presencial.

A EaD conta com metodologias específicas, como atividades de tutoria, ambientes virtuais de aprendizagem e tecnologias de informação e comunicação, portanto o que está em curso é uma compensação virtual, a oferta de conteúdos on-line para que os alunos sigam estudando durante esses meses.

Contudo, mesmo não seguindo à risca a cartilha do “como se trabalhar com EaD”, não deixa de ser uma aproximação à modalidade e à nova forma de reinventar a educação. A tecnologia faz parte da educação já há algum tempo, e a Educação a Distância é só mais uma inovação. Finalmente, cheia de prós e contras, simpatizantes e críticos, a Educação a Distância na Educação Básica bate à porta com mais força. Quem irá abri-la?

About the Author

Eduardo Siqueira

Um jornalista que ama Educação. Minhas experiências me fizeram imergir no universo da Educação, sentindo todo o seu poder transformador e percebendo o quanto ela ainda precisa de apoio. Aqui, busco fazer minha parte e ajudar as pessoas a compreendê-la nem que seja um cadinho.

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