Elas querem que o hospital pinte as paredes de amarelo, tenha funcionários mais alegres para fazê-las dar risada, ar condicionado nos quartos no calor e aquecedor no frio e uma sala com filmes e pipoca grátis todo fim de semana. Ficam muito emocionadas com a ida dos coleguinhas para a cirurgia e intrigadas sobre o que acontece durante os exames, no dia da alta, o trabalho de cada profissional.

Uma trilha de diamantes para guiar a percepção de quem precisa entender o que se passa na mente e nos corações das crianças e jovens internados faz parte dos achados reunidos na obra “O Hospital pelo Olhar da Criança”, das terapeutas ocupacionais Aide Mitie Kudo e Priscila Bagio Maria.

O livro condensa o resultado de três anos de garimpo. “Com a ajuda de seis especialistas em recreação, anotamos frases espontâneas ditas pelos nossos pequenos pacientes”, diz Aide Kudo, que atua há 20 anos no Instituto da Criança da Universidade de São Paulo (USP), um centro voltado para o atendimento de doenças crônicas e, muitas vezes, graves. “Apesar da intensidade dos seus sentimentos, raramente as crianças e os jovens doentes conseguem falar prontamente se alguém lhes pergunta como se sentem”, diz a terapeuta Aide, justificando a escolha do método.

INFANCIA ADOLESCENCIAMunidas de câmeras digitais, algumas crianças registraram as cenas do cotidiano hospitalar, mostrando mamadeiras, fios e as cores dos brinquedos, e também coisas longe do seu alcance, como os nomes inscritos sobre portas e as luzes da sala de cirurgia.

A princípio, o objetivo do trabalho era sensibilizar os profissionais da instituição para o entendimento que as crianças têm da internação. Essa meta foi parcialmente cumprida com uma exposição feita no hospital das frases e fotos colecionadas. A iniciativa ajuda a entender um pouco mais as angústias das crianças e adolescentes sobre a doença e o tratamento.

Fonte: Revista Istoé, Mônica Tarantino – edição de 13/09/2009

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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