Ter a sensibilidade para perceber quando uma criança é vítima de violência é tão importante quanto a reação do Estado para lhe assegurar o resgate dos direitos garantidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O desafio do governo é justamente fortalecer e articular as ações de proteção aos meninos e meninas que se encontram em situação de risco. No Distrito Federal já existem políticas nessa direção, mas a resposta ainda demora mais do que a gravidade dos casos detectados na rede pública de ensino exige.

violenciaDesde o começo de 2008, a Secretaria de Educação deu início a um plano estratégico de enfrentamento à violência escolar. O livro “Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas” é resultado dessa iniciativa. De acordo com a coordenadora da Política de Promoção à Cidadania e Cultura de Paz, da secretaria, Relcy Caridé, foi feito o mapeamento da violência no âmbito escolar e a partir daí surgiu o livro, que é utilizado como referência de estudo para os professores.

Além disso, a secretaria elaborou um manual com orientações sobre como diretores e professores devem agir em situações de violência no âmbito escolar. Para a promotora de justiça da Infância e da Juventude Luisa de Marillac, o papel da escola ao descobrir os casos de violência é fundamental. Mas a instituição não pode assumir toda a responsabilidade. “Se houver uma relação mais próxima entre as pessoas responsáveis pelos diferentes órgãos de proteção, o resultado poderia ser melhor”, destaca.

Para o professor do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília e da Universidade Católica de Brasília, Vicente Faleiros, quando o adolescente tem um comportamento mais agressivo é, na verdade, um grito de socorro que ele está dando em busca de atenção, limites e educação.

A solução não é fácil, já que é necessário fazer pais e estudantes participarem da vida da escola. Segundo ele, em muitos casos, a essência da violência está no núcleo familiar, e isso gera muitos problemas na cabeça das crianças e adolescentes. Muitas vezes, dentro de casa, há casos de abusos sexuais, agressões e violência psicológica.

Quando a criança vai para escola, desde a primeira infância, ela acaba reproduzindo a experiência vivida no lar. A escola é a segunda casa, a professora é a segunda mãe. A frase caracteriza bem a importância do ambiente escolar para a vida da criança e enfatiza a missão do professor de não apenas ensinar, mas também cuidar, sobretudo quando se trata do ensino infantil.

De acordo com a chefe do setor de ações e projetos da educação infantil da secretaria municipal de educação de Natal, Thaysa Barbosa Mendonça Camargo, a criança pequena precisa ter na sala de aula um ambiente acolhedor para poder se sentir amada.

A psicopedagoga Márcia Nóbrega da Silva ressalta que é fundamental que o educador conheça seus alunos porque qualquer problema pode ser facilmente diagnosticado simplesmente por observar algo de estranho no comportamento da criança. “Às vezes, esse problema repercute na escola e deve ser tratado para que o seu desenvolvimento infantil seja saudável”, disse. Para ela, o professor deve ficar atento ao comportamento de cada um e estar pronto a orientar, incentivar e promover o bem-estar das crianças em sala de aula, o que é fundamental para um bom aprendizado.

Fonte: Correio Brasiliense (DF), Diário de Natal (RN)

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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