jogosEspecialistas alertam que crianças e adolescentes que passam mais de uma hora por dia jogando em aparelhos eletrônicos podem ter problemas de postura, tendinite e enxaqueca.

Em consultórios, o número de atendimentos por lesões de esforço repetitivo (LER) e outras queixas relacionadas às articulações, quadruplicou. Segundo o médico hebiatra (especialista em adolescentes) Maurício de Souza Lima, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, a cada semana, aparecem dois pacientes com queixas de dores nos polegares e no pescoço. Há dez anos eram realizados dois atendimentos semelhantes por mês.

O jogo eletrônico é ótimo se houver equilíbrio com outras atividades, mas em média, os adolescentes ficam mais de seis horas por dia na frente do computador e grudados em joysticks, segundo Lima. Tendinite e dores de cabeça são comuns entre os jovens que exageram.

O estímulo luminoso do videogame, que geralmente tem muita cor e é muito rápido, provoca enxaquecas. Em casos mais graves pode ocasionar vômitos, explica a hebiatra Sheila Nisker, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A postura é o principal problema identificado em crianças e adolescentes que utilizam computadores com frequência.

Uma pesquisa coordenada pelo reumatologista Clóvis Arthur Almeida da Silva, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, avaliou os impactos do uso prolongado de videogames em adolescentes entre 10 e 18 anos. Em 100% dos pacientes observados, a postura ao jogar era errada. As lesões mais graves, entretanto, não foram observadas. As crianças têm uma musculatura mais flexível e, apesar de se queixarem de dor, as lesões não aparecem. Mesmo assim, exageros aumentam o risco de problemas, explica Silva.

Fazer intervalos é uma maneira de minimizar os efeitos do uso prolongado. Após uma hora de jogo o melhor é passar para outra atividade.

Os pais devem impor regras e procurar incentivar os filhos a não ficarem muito tempo em frente aos jogos, e sempre tentar corrigir a postura deles. Jogar com as crianças também é uma maneira de encontrar argumentos para impor limites.

Segundo a psicóloga Rosa Maria Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), negociar o tempo em que a criança pode jogar a mais para passar de fase só pode ser avaliado se os pais souberem quais são os objetivos do jogo.

O universo dos jogos eletrônicos é atraente para as crianças e pouco conhecido pelos pais. Os adultos precisam conhecer melhor as atividades dos filhos.

Fonte: Jornal da Tarde (SP)

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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