Como forma de estimular valores como Cidadania, Educação, Solidariedade e Ética em escolas cearenses, o prêmio Construindo a Nação, promovido pelo Instituto da Cidadania Brasil em parceria com o Serviço Social da Indústria, premiou no último dia 31 de março, educadores e alunos em quatro categorias: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A premiação contou com apresentações culturais de estudantes, educadores e pessoas da comunidade onde estão inseridas as escolas. O presidente da FIEC, Roberto Macêdo, reiterou o compromisso da FIEC com práticas cidadãs e éticas. “Quando tratamos de educação, todos nos tornamos anfitriões nesta casa”, afirmou.
O presidente da FIEC ressaltou ainda a importância de incentivos como o prêmio Construindo a Nação. “É importante que seja estimulada a autonomia dos estudantes, que, mobilizados, mostram que são agentes e protagonistas da História”, frisou. Para Roberto Macedo, o prêmio vem estimulando a participação e o desenvolvimento de projetos sociais com o objetivo de disseminar no estado o reconhecimento de iniciativas que persistem na incansável busca da melhora dos indicadores sociais.
O Colégio Marista, de Aracati, ficou em 1 ° lugar na categoria Educação Infantil, por realizar o projeto Fórum Maristinha de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes, que envolveu 175 alunos, de janeiro de 2009 a dezembro de 2010. A partir da observação do alto número de casos de violência contra crianças e adolescentes no município (537 atendimentos de 2007 a 2009) de características turísticas, educadores e assistentes sociais da escola criaram o projeto com o objetivo de combater a violência sexual rompendo o silêncio e buscar alternativas capazes de transformar a realidade local.
A escola realizou palestras com pais e educadores sobre a temática e mobilização nas ruas para sensibilizar a sociedade, além de promover trabalhos práticos com as crianças através de contação de histórias, músicas, debates e apresentações culturais.
Na categoria Ensino Fundamental, a escola vencedora foi a EMEIF Mariêta Guedes, de Fortaleza, com o projeto Sou Craque na Luta contra as Drogas. A escola tem 1056 alunos e está localizada no Parque Santa Rosa, área de extrema pobreza e alto índice de criminalidade. Educadores observaram que as crianças passavam grande parte do tempo nas ruas e decidiram, então, fazer valer a função social da escola dando opção aos estudantes.
O objetivo foi realizar trabalho coletivo com base na diminuição dos usuários de drogas através de práticas esportivas. Foram realizadas visitas de agentes de saúde à comunidade e aos locais de vendas de drogas para conscientização de crianças e jovens e realização de palestras sobre o tema com estudantes e familiares. Os resultados foram além do esperado. De acordo com o diretor, Carlos Almeida, os alunos tornaram-se multiplicadores e agentes no combate às drogas e atualmente, cerca de 100 alunos praticam judô e cinco desses estão no ranking nacional do esporte e representarão o estado em competições nacionais este ano.
O projeto Gincana Cultural, da escola EEFM José de Alencar, de Fortaleza, realizado de janeiro de 2009 a março de 2010, foi o vencedor da categoria Ensino Médio. Com o objetivo de e stimular a aprendizagem por meio da disciplina escolar, do protagonismo juvenil e da interação com a comunidade, a escola desenvolveu atividades de escultura, produção de vídeos e peças de teatro, gincanas educacionais, mutirões de limpeza, palestras, arrecadação e doação de alimentos a instituições carentes e atividades de reciclagem.
Na categoria Educação de Jovens e Adultos (EJA) a escola vencedora foi o CEJA Donaninha Arruda, de Baturité, que desenvolveu o projeto Musicalidade, que consistia na interação com a comunidade escolar através de ensaios e desenvolvimento de apresentações culturais de músicas relacionadas à tradições cearenses e afros.
Para o superintende do SESI, Francisco das Chagas Magalhães, a premiação é um momento que dá concretude ao que a FIEC e o SESI defendem. “Agradeço o sim dado pelas escolas ao cumprirem a missão que transborda os muros da escola e o otimismo de todos os participantes que nos passam a impressão de que estamos no caminho certo”.
O Prêmio
Criado em 2000 pelo Instituto da Cidadania Brasil, foi por meio de parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) que em 2006 o projeto se ampliou. De 650.000 alunos, no início, o prêmio passou a envolver cerca de 4,5 milhões de estudantes, meta alcançada em 2010.
O Prêmio Construindo a Nação tem o objetivo de estimular as escolas públicas e privadas da Educação Infantil, ensinos Fundamental e Médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos) a desenvolverem, em conjunto com seus alunos, projetos de ação que contemplem temas voltados à cidadania, beneficiando comunidades locais. Ao apresentar o projeto, a escola necessita relacionar todas as suas fases – estudo, concepção, diagnóstico, planos de ação e avaliação documentadas (relatórios, pesquisas, documentação fotográfica etc.).
O Prêmio Construindo a Nação é um projeto realizado pelo Instituto da Cidadania Brasil em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Social da Indústria (SESI) e a Fundação Volkswagen. O SESI, bem como o Instituto da Cidadania, atuam como suportes técnicos nas escolas que têm dificuldades ou dúvidas sobre como implantar um projeto de cidadania em conjunto com seus alunos. Atualmente, participam do Prêmio Construindo a Nação 24 estados brasileiros.
Escolas interessadas em participar da edição 2011/2012 podem se inscrever a partir de abril. Mais informações no site www.institutocidadania.org.br, pelo e-mail construindoanacao@institutocidadania.org.br ou pelos telefones (11) 5042-2242/5543-6530.
CEARÁ
Classificação e projetos das escolas cearenses premiadas no Prêmio Construindo a Nação Edição 2010/2011:
* Educação Infantil
1º lugar: Colégio Marista (Aracati) – Projeto Fórum Maristinha de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes
2º lugar: Colégio Kids (Juazeiro do Norte) – Projeto meio Ambiente
3º lugar: Escola Maria Dirciola Germano (Juazeiro do Norte) – Projeto Brincadeira Educativa
* Ensino Fundamental
1º lugar: EMEIF Mariêta Guedes (Fortaleza) – Projeto Sou Craque na Luta contra as Drogas
2º lugar: Escola Maria Dolores Petrola de Melo Jorge (Fortaleza) – Projeto Paz na Escola
3º lugar: EEIFM Melvin Jones (Crato) – Projeto Revendo Práticas Educacionais
* Ensino Médio
1º lugar: EEFM José de Alencar (Fortaleza) – Projeto Gincana Cultural
2º lugar: EEFM Integrada 2 de Maio (Fortaleza) – Projeto Semeadores da Leitura
3º lugar: EEFM Antônio Custódio de Mesquita (Itapajé) – Projeto Iratinga em Foco
*Educação de Jovens e Adultos (EJA)
1º lugar: CEJA Donaninha Arruda (Baturité) – Projeto Musicalidade
2º lugar: CEJA Dr. Gerardo Camelo Madeira (Ipu) – Projeto Água é vida
3º lugar: EEIEF Pedro Felício (Crato) – Projeto Tempo de Aprender
, um pesquisador em educação, Ives de La Taille, apresentou na obra Crise de Valores ou Valores em Crise, uma pesquisa realizada recentemente com 448 alunos do ensino médio (com idades entre 15 e 18 anos), sendo 211 da escola pública e 237 de colégios particulares, na qual indagava a esses jovens quais seriam as virtudes mais importantes na seguinte lista de dez: justiça, gratidão, fidelidade, generosidade, tolerância, honra, coragem, polidez, prudência e humildade. Sem querer aprofundar nas conclusões da pesquisa, chamou-me a atenção que a mais valorizada tivesse sido a humildade. O próprio La Taille se surpreendeu com o fato de que essa virtude fosse apontada tanto pelos meninos quanto pelas meninas, fossem eles da escola privada ou da pública.
Uma das explicações que o autor dá para o resultado é que “vivemos uma cultura que pode ser chamada de cultura da vaidade”. Esclarecendo esse conceito, o educador afirma que muitos jovens hoje “vivem apenas motivados para dar um constante espetáculo de si, destacarem-se por sinais que conferem prestígio, associarem a si próprios marcas que testemunham ser um vencedor (roupas, carros, celulares), falarem de si em blogs, nos celulares, computadores…”. Glosando o autor, diria ainda que os jovens andam atrás de “espelhos” que são as pupilas das pessoas que estão à sua volta, e às quais perguntam: “Gostou da figura que fiz?”, “Pareceu-lhes interessante o meu ponto de vista?”, “Que acharam da minha prova, do meu trabalho, da minha publicação, da minha roupa provocativa…?”.
Portanto, voltando-nos para o resultado da pesquisa, concluímos que a maioria dos jovens pesquisados parecem estar fartos deste modelo juvenil e de tanta mentira. Intuem que a sedução narcisista que reina hoje na nossa cultura parece ser a causa de muitas mazelas sociais. No fundo, essas respostas podem estar representando alguns gritos silenciosos aos educadores que dizem mais ou menos assim: “Por favor, ajudem-nos antes a ser do que a ter!”. “Não aguentamos mais ver gente representando o que não é!”. “Ensinem-nos a descobrir a Verdade!”. “Quero de verdade ser feliz e não fingir que sou feliz!”.
Há muito tempo que esta disjuntiva Ser ou Ter está presente nas discussões filosóficas. O que chama a atenção é perceber que estas reinvidicações pelo ser estejam nascendo mais cedo, naqueles que sempre exigiram liberdade, prazer, dinheiro, consumo, diversão, ter… Afinal, o que está acontecendo?
Sou da opinião de que estes movimentos podem já estar refletindo, em parte, as consequências negativas da pedagogia moderna das últimas décadas. Segundo estas teorias, chamadas construtivistas, a criança deveria se desenvolver por si mesma, sem imposições de ninguém. Os responsáveis pela educação deveriam apenas dar um suporte para o seu autodesenvolvimento, sem, no entanto, se envolver no processo. Estas teorias psicodinâmicas, muitas delas inspiradas no pensamento freudiano, acreditavam que a criança tinha um “eu” completo em si mesmo e que bastaria deixar o tempo passar para ela se desenvolver adequadamente.
Fica fácil perceber o que produziu esta mentira ao longo das últimas décadas. Na medida em que os pais foram adotando a chamada educação antiautoritária, que é a renúncia para educar os filhos, tanto os pais quanto os filhos foram desenvolvendo níveis crescentes de soberba de geração em geração. Efetivamente, quem convive com pais e crianças em escolas particulares e públicas tem percebido ano a ano atitudes de arrogância e de autosuficiência que não existiam antigamente. Mas por que isto tem crescido?
Quem trabalha com educação e conhece a chamada “caixa preta” da criança (fazendo um paralelismo com os aviões) sabe que qualquer criança é extremamente egocêntrica nos primeiros anos da existência. Todo o bom processo educacional consiste em mostrar-lhe que além de existirem outras pessoas no mundo ela própria existe para os outros. Sua realização e felicidade dependerão da adequação de seus desejos e projetos para os outros. Que, sozinha, ela nunca saberá nada, poderá nada, conseguirá nada nem será nada. Que só conseguirá ser ela mesma a partir do outro. Que o eu deve se converter em si mesmo apenas mediante um tu e um vós. Por isso, desde que nasce terá que saber descobrir a linguagem do prazer, dos limites, do amor, do sofrimento. Esta é a verdade da educação.
Por outro lado, se deixamos a criança crescer sem a exigência da boa autoridade, dificilmente ela descobrirá como deve funcionar um ser humano e aos poucos seu orgulho irá enganando-a acreditando que sabe tudo, pode tudo, conseguirá tudo e que ela é tudo, principalmente se obtiver dinheiro e poder. Esta é a grande mentira da educação. Motivando-a somente a produzir riqueza, acaba-se gerando uma das maiores e mais profundas pobrezas humanas que é a solidão. Vistas bem as coisas, as outras pobrezas, incluindo a material, nascem sempre do isolamento, de não ser amado ou da dificuldade de amar, fruto do orgulho de muitas pessoas.
Terminemos concluindo que uma das tarefas primordiais da educação é desmascarar os perigos da soberba. Da ilusão do orgulho. Da escravidão de um eu que se fecha em si mesmo, como numa bolha. E que o caminho da felicidade está na humildade, que, longe de ser uma postura depreciativa, é apenas a conscientização da Verdade da condição humana, que exige abrir-se para os demais e para o transcendente, pois experimenta que só nas relações interpessoais poderá salvar-se de tantas depressões e tristezas de um eu doentio.
gostei so um pouquinho