Com o isolamento social, as instituições tiveram a oportunidade de refletir seus papéis e repensar suas funções. Principalmente duas delas: a família e a escola. Muitas vezes, atribuía-se a escola o papel de educar e a família o de formar. Por mais que isso se confunda e o debate seja longo, esses meses de pandemia proporcionaram a reflexão entre pais e educadores: como contribuir para o desenvolvimento intelectual e humano de uma criança? Com certeza uma dessas respostas está na leitura!

Muitas famílias compreenderam que o papel da escola é complementar ao delas. Que uma não educa sem a outra. Não basta saber ler, ter nove disciplinas no currículo, preencher o tempo com os afazeres escolares e os cursos complementares. A prática pedagógica deve prever a formação contínua do ser humano. É necessário aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Estes são itens fundamentais para a transmissão da informação e da comunicação adaptada à sociedade.

Não se deve focar somente no “aprender a conhecer” e “aprender a fazer”. Compreender, assimilar, relacionar, comparar e conviver é um dos fatores mais importantes para a construção do ser humano; e a resposta, segundo os estudiosos da educação, para uma convivência com mais empatia e solidariedade.

Tornou-se recorrente a queixa das famílias que não conseguem acompanhar as aulas e as atividades das crianças e adolescentes em casa. Uma pesquisa recentemente publicada pela ONU mostrou que a causa primeira dessa dificuldade é a falta de leitura e interpretação. A internet, assim como qualquer outra ferramenta utilizada pelo ser humano, se não for direcionada, rapidamente torna-se um meio sem utilidade.

Com a velocidade em que o conhecimento se multiplica, torna-se cada vez mais importante exercitar a memória e o pensamento. E isso é possível através da leitura interpretativa. Pesquisar e comparar é um dos mecanismos para se interagir com a diversidade de pensamento. Isso se começa em casa, na família e se estende na escola com o estímulo da leitura desde a educação infantil.

O Blog Educação acompanhou o primeiro concurso de redação promovido pelo Colégio Uma Janela Para o Mundo. O tema da redação foi: “Minha vida durante a pandemia do novo coronavírus” e contou com a participação dos educandos dos anos iniciais. A banca convidada para a correção das redações foi do professor Thiago Viana, professora Sandra Teixeira e professora Ivanilda Gonçalves, que analisaram os critérios ortográficos, sequência lógica, estrutura do texto e domínio da língua escrita. As crianças foram estimuladas a pensar no papel da escola durante o confinamento, na convivência com os familiares e nas relações com a tecnologia.

O primeiro lugar no ranking geral foi do João Marcelo Costa de Sá, 8 anos, aluno da professora Ana Joicy Silva Morais, do 2º ano do fundamental I. Na redação ele expressa a saudade da escola e do cinema. E diz que seu maior sonho é que a vacina chegue logo ao Brasil porque ele se sente preso em casa. Perguntei como foi participar de um concurso e ganhar o primeiro lugar. Ele disse que estava muito nervoso, mas ficou feliz em escrever como se sentia. “E que tudo isso era culpa do coronavírus!

João Marcelo – 1º lugar

Confere a redação do João Marcelo aqui:

João Marcelo

Lívia Ester, aluna do 5º ano da professora Marta Célia Vale de Melo, ficou em 2º lugar no ranking geral e diz que a ansiedade inicial foi controlada com a ajuda da mãe, dona Regina. “Conversar com ela me acalmou”, disse a estudante. Relatou ainda que participar do seu primeiro concurso a encorajou para outros e que a iniciativa da escola foi muito boa. Na redação, narrou o desespero que a pandemia causou inicialmente, deu dicas de prevenção e aconselhou aqueles que moram sozinhos.

Redação de Lívia Ester

2º lugar – Lívia Ester

 

O 3º lugar no ranking geral foi de Lucas Donetts Soares, 7 anos, aluno do 1º ano da tarde, do fundamental I, da professora Michelly Silva. Ele inicia sua redação no coletivo: “A nossa vida era…” mostrando a tristeza em não poder ir mais à escola, à igreja ou visitar a família. Quis saber dele como foi participar do concurso de redação. Ele disse que gostou muito! Que sua mãe ajuda nas atividades em casa e a “tia Michelly” ajuda a aprender pelo computador. Falou que gosta muito de ler e que ainda vai escrever um livro!

Confere aqui a redação do Lucas Donetts:

Lucas Donetts

Lucas Donetts-3º lugar

Parabéns a instituição e toda a equipe pedagógica e técnica por desenvolver o pensamento crítico, autônomo e criativo, envolvendo a comunidade escolar e a família.  Que possamos seguir os pilares da educação de aprender a ser, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a fazer. E mais: que possamos construir novos pilares sempre!

About the Author

Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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