Eu acho que não existe uma pessoa que goste de esperar. Esperar é ruim, e esperar pelo que não vem é pior ainda. Odeio filas e quaisquer situações que pare o meu tempo. Quão enfadonhas e chatas são as filas de bancos, onde cada qual está com o seu problema, esperando por sua vez, que é anunciada pelo barulho horrível daquele sinalizador gasguito. Digo horrível, pois quando pensamos que é o nosso número, não é, aí amigo é sentar e … adivinha? Esperar! Pega uma revista, um folheto, leva um livro, faz qualquer coisa para não ficar parado naquela fila. Fila é como se fosse a ante-sala do inferno. Todo mundo esperando a sua vez e quando chega, puf!

Ônibus e sua similaridade com navios negreiros. Não digo isso por ser racista ou coisa parecida, longe de mim, qualquer preconceito, mas convenhamos caros colegas, os ônibus tem um pouco de navio negreiro. Além de demorar para passar nos pontos obrigatórios e fazer-nos esperar milhares de minutos, quando adentramos o transporte, está tudo lotado. Aí entra a parte do navio negreiro, todos nós passageiros sendo sacolejado de um lado para o outro, dependendo do humor do senhorzinho ou da sinhá, mais conhecido como motoristas. Peço que me entendam quando falo sobre isso, não sou racista, mas acho que ônibus e navio negreiro, têm as suas características iguais.
De fato, esperar não é bom, mas tem lá as suas qualidades, poucas, mas são qualidades. Estava eu numa fila com mais ou menos seis pessoas em uma clinica odontológica. Eu odeio filas e ainda mais quando pego para fazer algum procedimento demorado, relacionado à saúde. Tremo na base, mas não tenho medo de dentista, tenho medo de outras coisas, mas não de dentistas, nem tão pouco da cadeira dele, admito que só o que me incomoda é o barulhinho da obturação, mas neste dia não tinha ido fazer isso e sim uma aplicação de flúor. Beleza, sou o primeiro a chegar, então serei o primeiro a ser atendido, pois bem. Já conhecendo a dentista que eu tenho, levei um livro de crônicas, Non Stop da Martha Medeiros para ler e passar o tempo. A leitura estava atrasada há dias, enrolava, enrolava, enrolava e não terminava o livro. Cada crônica com mais ou menos uns quatro ou cinco parágrafos no máximo. Li todos de uma vez só, li tanto que meu olho ficou ardendo. Então uni o meu descontentamento de ficar naquela fila, mesmo sentado, esperando a dentista chegar ao meu grande prazer que é ler. Li, terminei todas as crônicas e a in(feliz) da dentista não havia chegado. Então tomei dois copos de água, incomodei um pouco as pessoas com o barulho da mensagem que tinha chegado no meu celular e quebrei o silêncio da sala quieta ao amassar os copos descartáveis. Peguei uma edição da revista Super Interessante e folheei, até que, tcharam! A dentista chegou e eu abri um sorriso meia boca, um tanto de alegria por ela ter chegado e um tanto de ódio, por ter demorado tanto.
Acabado o processo fui embora, feliz da vida, sabendo agora que as filas tem os seus lados bons, por mais que sejam poucos têm. Vai que numa dessas filas intermináveis, filas de cinema, de show, de banco, de hospital, seja ela qual for, você encontra o amor da sua vida? Nunca aconteceu comigo, mas vai que…

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