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Arena Castelão nunca foi um nome tão adequado para um evento nela realizado. As barbaridades que ocorreram dentro do gramado do maior estádio do Nordeste relembraram as aulas de história e os bravos gladiadores romanos. Mas a culpa é do estádio?

Reformado ao custo de 512 milhões de reais e sede de seis jogos da Copa do Mundo de 2014, nosso maior palco sempre recebeu rasgados elogios. Elogios relacionados à sua estrutura, à rapidez da execução da obra e até do orçamento que não foi extrapolado, coisa que infelizmente não é comum nesse tipo de situação.

Mas o estádio não é perfeito e não existe estádio perfeito para a estupidez humana.

No desastre de Hillsborough em Sheffield, Inglaterra em 1989, uma multidão de torcedores sem ingressos tentava entrar no estádio, para evitar tumulto maior, a polícia resolveu abrir os portões e deixar que os torcedores entrassem. As pessoas que estavam dentro do estádio e próximas ao alambrado foram esmagadas ou pisoteadas, justamente pela impossibilidade de acesso ao campo. Resultado, 96 mortos e a extinção dos alambrados nos estádios Britânicos e de praticamente toda a Europa.

Após o ocorrido no domingo, iniciou-se o jogo de empurra-empurra entre torcedores que acusavam uns aos outros, autoridades alegando que o projeto do estádio facilitaria o acesso ao campo, a Secretaria de Segurança Pública qualificando como satisfatória a ação policial. Todos culpados, porém ninguém quis assumir culpa alguma.

Não acredito que 600, nem mesmo 6000 policiais sejam capazes de conter uma multidão de 50.000 pessoas enfurecidas e nem concordo que seja função da polícia fazer esse tipo de operação. Credito ao sistema de justiça desse país, que não consegue ou não quer punir os infratores, os criminosos, mesmo tendo imagens em alta definição de cada um dos culpados.

Se não temos punição adequada, educação suficiente para convivermos uns com os outros e o futebol sempre provocando reações mais passionais do que racionais, só consigo enxergar solução nos clássicos de torcida única, uma festa menos bela, mas definitivamente mais segura.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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